|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Autor de "Quarup", colunista da Folha sofria de câncer na próstata desde 1984; enterro será hoje às 10h
Morre aos 80 o escritor Antonio Callado
Patrícia Santos/ Folha Imagem
|
O escritor Antonio Callado morreu ontem, aos 80 anos, de câncer
|
da Sucursal do Rio
Ele havia sido internado anteontem pela manhã na Clínica São Vicente, após sofrer uma queda em
casa e fraturar o fêmur.
Depois de analisar o estado clínico de Callado, que sofria de câncer
generalizado, e de conversar com a
família do escritor, o ortopedista
Carlos Giesta e o clínico-geral Roberto Zani decidiram não submetê-lo a cirurgia.
Callado morreu às 16h30, de forma tranquila, ao lado de sua filha,
a atriz Tessy Callado.
O corpo de Callado foi velado no
Salão dos Poetas Românticos, na
ABL (Academia Brasileira de Letras), para a qual foi eleito membro em 94.
Da sede da Academia, no centro
do Rio, o corpo sairá às 10h de hoje, para ser enterrado no panteão
da ABL, no cemitério de São João
Batista, em Botafogo.
Callado sofria de câncer na próstata desde 1984. Ele foi operado
duas vezes -a primeira em 84,
nos Estados Unidos, e a segunda
no Rio, em 89.
Em 94, os médicos constataram
que o câncer havia se generalizado.
Como que a confirmar a definição
que para ele havia sido criada por
Nelson Rodrigues -``o único inglês da vida real''- Callado entregou à mulher, a jornalista Ana Arruda Callado, o envelope com o resultado dos exames. Fechado.
Nesses últimos três anos, para
combater a metástase óssea, Callado passou a se submeter a sessões
de radioterapia que debilitaram
sua saúde.
Escritor, dramaturgo e jornalista, Callado publicou seu último artigo na
Folha, em 21 de dezembro
de 96, naquele que acabou sendo o
encerramento de uma colaboração semanal para a ``Ilustrada'',
iniciada em 1992.
Há cerca de 40 dias, o estado de
saúde de Callado se agravou. Ele
foi internado em 19 de dezembro
para tratamento de uma pneumonia. Passou o Natal hospitalizado,
mas reagiu e voltou para casa uma
semana depois.
Em entrevista publicada no último domingo na Folha, dia em que
completou 80 anos, Callado definiu sua idade como ``um horror''.
``Oitenta anos é a idade para o sujeito morrer, nada mais além disso.''
Na mesma entrevista, disse ser
``Reflexos do Baile'' seu melhor livro.
Callado era casado havia 20 anos
com Ana Arruda. Deixou dois filhos e quatro netos.
Inglaterra
Antonio Carlos Callado nasceu
em 26 de janeiro de 1917, na cidade
de Niterói (RJ). Filho de médico e
poeta com uma professora, inicia a
carreira jornalística no jornal
``Correio da Manhã'', aos 20 anos.
Em 1941, Callado embarca para
Londres, onde é contratado pela
BBC. O escritor fica cinco anos na
Europa. Casa-se com a inglesa Jean
Maxine Watson, funcionária da
BBC, em 1943.
Em 1947, volta ao Brasil e ao
``Correio da Manhã'', onde ocuparia o cargo de redator-chefe entre os anos de 54 e 59.
Lança a peça ``O Fígado de Prometeu'' em 51, seu primeiro livro.
Torna-se editor do ``Jornal do
Brasil''. Em 1957, lança a peça
``Pedro Mico''. O livro foi reeditado em 96 pela Nova Fronteira.
Callado escreve em 1964 um livro
de reportagens chamado ``Tempo
de Arraes'', sobre o político pernambucano Miguel Arraes.
Uma de suas maiores obras,
``Quarup'', é lançada em 1967.
Ruy Guerra adapta para o cinema
em 89.
Em 1968, como correspondente
do ``Jornal do Brasil'', Callado viaja ao Vietnã, para acompanhar a
guerra. Foi o único jornalista
sul-americano a visitar o Vietnã do
Norte na época. Da experiência
surge o livro ``Vietnã do Norte''.
Em 1976, Callado casa-se com a
também jornalista Ana Arruda e
lança o romance ``Reflexos do
Baile''. Em agosto de 87, o escritor
recebe o troféu ``Juca Pato'' de intelectual de 86.
Apesar de resistir a ocupar uma
cadeira na Academia Brasileira de
Letras, Callado é eleito em março
de 1994, ocupando a cadeira 8, de
Austregésilo de Athayde.
colaborou o Banco de Dados
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|