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MODA
Os críticos Antoni & Allison participam da mostra JAM, que acontece no MAM do Rio e virá a SP em maio
Dupla procura ícones na história
RONALD VILLARDO
free-lance para a Folha
A dupla Antoni & Allison está no
Rio para a mostra ``JAM'', de arte,
foto, moda, design e multimídia
vindos de Londres. Os dois ingleses são alguns dos mais ácidos e
bem-humorados críticos da moda
e da cultura de rua. Como divertidos terroristas fashion. A mostra
está em cartaz no MAM carioca;
chega a São Paulo em maio.
Com camisetas, broches, relógios e guarda-chuvas, por exemplo, Antoni & Allison buscam a comunicação por meio de palavras
de ordem, frases de efeito, trocadilhos e ambiguidades. Não há semelhanças com outros artistas do
uso da palavra como arma, como
Barbara Krueger, Jenny Holzer e
Karen Finley. Antoni & Allison inventaram sua própria fórmula.
Os dois começaram há dez anos
em Londres. Formados em arte na
descolada Central Saint Martins,
moravam num conjunto habitacional. Sem grana, a vida dos dois
era ir a clubes todo o tempo.
Começaram seu trabalho na tentativa de obter a comunicação, o
que não conseguem falar nos clubes, ``onde as pessoas não conversam'', diz Antoni, 35.
Pensaram que a maneira mais
rápida de alcançar a comunicação
era através de camisetas, vendidas
na casa das pessoas e em lojas.
A primeira leva de t-shirts, comprada pelo gigante Harvey Nichols, continha a palavra ``Idiot'',
com um ``ha ha ha'' logo abaixo,
ou ``I Love Wink-y'', algo como
``eu adoro piscar'', com alusão à
flertar. Já nascia aqui o clima ``pra
cima'' do trabalho da dupla.
Depois de três anos nessa linha,
passaram a realizar roupas com
pratos e cordas aplicadas, junto
com o uso de broches sobre roupas
de operários. Descobertos pelas
modernas revistas inglesas, Antoni & Allison caíram nas graças da
mídia e do público, passando a
vender maciçamente no Japão.
Apareceram aí as embalagens a
vácuo para calcinhas e t-shirts, que
igualmente se transformaram em
objetos de culto. Depois, roupas
feitas para clubes, broches que piscam e o que eles chamam de ``arte
cinética'', esculturas que se movem e ganham formas diferentes.
Supermercado
``Nunca nos preocupamos em
ser modernos. Se alguém se auto-intitula moderno é motivo para
você começar a desconfiar.'', diz
Allison. ``Não procuramos ícones
nos anos 90, mas na história. Picasso, por exemplo, seria um ícone, se eu tivesse que pensar em algum.''
A desconcertante simplicidade
dos trabalhos da dupla vem da falta de tempo das pessoas para a comunicação, diz Allison. As frases
são curtas porque já há um excesso
de informação à volta, nessa era da
comunicação. Antes de ir embora
os dois solicitaram ao British
Council uma ida a um supermercado carioca: ``É nossa maior fonte de inspiração, junto com o universo da publicidade''.
NOTAS
*Com fotos de Ernesto
Baldan e produção de moda
de Felipe Velloso, a marca
Equatore mostra bonito catálogo, com as louras Ana
Hickman e Fabiana Saba.
Aliás Saba, na passarela,
tem se mostrado uma espécie de herdeira o estilo Ira
Barbieri de ser e viver.
*Sommer fez o caminho
inverso de novo, como sua
estréia no Phytoervas Fashion, ao colocar seus modelos no sentido contrário
da passarela. O estilista, por
sua vez, não entrou para
agradecer os aplausos, como já é seu habitual.
*A Ellus teve a platéia
mais concorrida. Artistas e
descolados cariocas e o diretor de desfiles Paulo Borges, em cada vez mais rara
aparição na cena fashion.
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