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Coleção reedita alguns dos maiores clássicos da crítica nacional
"Espírito Crítico" baixa na Bienal
FABIO CYPRIANO
da Reportagem Local
As editoras Duas Cidades e 34
lançam em co-edição a "Coleção
Espírito Crítico", com a reedição
de clássicos da tradição ensaística
brasileira e livros importantes da
teoria literária internacional.
Os três livros que inauguram a
coleção serão lançados na 16ª Bienal do Livro, que foi aberta ontem. Os títulos foram selecionados por um conselho do qual fazem parte alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros, como os professores Alfredo Bosi,
Antonio Candido (que escreve para a Folha sobre os relançamentos, à pág. 5-5) e Augusto Massi, o coordenador do projeto.
São ensaios fundamentais para
a compreensão da cultura brasileira, como "1930: A Crítica e o
Modernismo", de João Luiz Lafetá, lançado em 1974, e que, desde
então, não havia sido reeditado.
Os livros que completam o triplo lançamento são "O Cacto e as
Ruínas", de Davi Arrigucci Jr. e
"Ao Vencedor as Batatas", de Roberto Schwarz, com o ensaio de
abertura "As Idéias Fora do Lugar", um dos mais conhecidos e
citados textos do autor.
Mas não se trata apenas de uma
simples reedição. A operação fez
com que houvesse uma revisão
completa das obras, que resultou
em várias atualizações.
No livro de Schwarz, por exemplo, quando da primeira edição,
havia a citação de um texto de Felipe de Alencastro como "obra
ainda inédita". Para realizar a nova versão, descobriu-se que a obra
foi a tese de doutoramento de
Luiz Felipe de Alencastro, dado
essencial para pesquisadores.
A coleção levou mais de dois
anos para chegar às livrarias. Ela
começou a ser pensada em 1997,
logo após a morte do professor
José Petrolino de Santa Cruz, ou
frei Benevenuto de Santa Cruz,
como era mais conhecido.
O frade dominicano deixou a
ordem na década de 60. Ele foi o
fundador da editora e livraria
Duas Cidades e deixou um catálogo com obras fundamentais que
necessitavam de reedições.
Como normalmente ocorre
quando um grande editor morre
- é só lembrar da situação da
editora Brasiliense após a morte
de Caio Graco Prado, que passa
por uma descaracterização de seu
catálogo-, a Duas Cidades também poderia correr esse risco.
Por isso, alguns amigos de Benevenuto, liderados por sua viúva, Maria Antonia Pavan de Santa
Cruz, passaram a se reunir para
pensar no futuro da editora.
O primeiro resultado é essa coleção, em parceria com a 34. O conselho
editorial da coleção foi formado
pelos amigos do editor.
A "Espírito Crítico", além de relançar ensaios importantes da
Duas Cidades, irá lançar novos títulos de autores estrangeiros.
É o caso de "Ensaios Literários
de Erick Auerbarch", que será publicado no segundo semestre deste ano. A Folha publica, com exclusividade, uma seleção de trechos do livro, escolhidos por Samuel Titan Jr., o organizador e
tradutor do livro.
Para Aluisio Leite, editor da 34,
"a coleção é uma forma de dar
prosseguimento às obras, sem espírito predatório, mas para manter esse importante catálogo, inclusive com novas obras". Uma
iniciativa rara, num país onde
continuidade é uma das grandes
dificuldades na área da cultura.
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