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MÚSICA
"Todas as ideias de Raul já existiam naquele começo"
Para Eládio, disco de estreia já mostrava cantor distante do universo da jovem guarda
Apesar do fracasso comercial que resultou no fim precoce da banda, Raul insistia em um retorno, diz guitarrista do Panteras
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Hoje com 62 anos, o baixista
Mariano Lanat era ainda adolescente no dia em que viu Raul
Seixas pela primeira vez. "Rapaz, você gosta de Elvis?", perguntou o desconhecido. A resposta foi rápida: "Claro que
gosto. Já vi "A Mulher que Eu
Amo" 32 vezes". Raul não pensou um segundo: "Pois eu vi 96.
Quer formar uma banda de
rock comigo?".
Foi assim que nasceu Os Panteras. Primeiro como uma dupla. Depois, acrescido do guitarrista Eládio Gilbraz e do baterista Carleba, como a banda
que gravaria "Raulzito e os
Panteras" (1968), o primeiro
LP da carreira de Raul.
"Todas as ideias dele já existiam naquele começo. A versão
que ele fez pra "Lucy in the Sky
with Diamonds", dos Beatles, já
tinha palavras incomuns para
aquele universo de jovem guarda", analisa Eládio, 62. "Raul
dizia que tinha uma saudável
ansiedade neurótica."
Eládio foi o único do trio a tocar em outro álbum de Raul
Seixas. "Em 1974, ele veio à Bahia e me chamou, por meio de
um programa de rádio, para
participar do "Novo Aeon'",
lembra. "Gravei o disco todinho, e Raul chegou a sugerir
que a gente reunisse Os Panteras. De vez em quando ligava
insistindo nisso." Carleba, 62,
emenda: "Ele chegou a falar
disso com [o então produtor da
Philips] Roberto Menescal.
Mas aí começou a falar em disco voador, em esoterismo, e tudo ficou estranho".
E não teve volta. O fracasso
comercial de "Raulzito e os
Panteras" acabou determinando o final precoce da banda.
Mas será que agora, mais de 40
anos depois, isso pode mudar?
"Ninguém está interessado na
nossa música. O que as pessoas
querem é ouvir o que a gente
tem pra contar, nossas histórias", sentencia Carleba.
Eládio parece mais otimista e
diz que vive se perguntando se
agora, que os três estão prestes
a se aposentar de seus outros
trabalhos, não seria o melhor
momento para começar a carreira. "Acho que sim. Se a idade
segura? Pergunte a Mick Jagger", ri.
(MARCUS PRETO)
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