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Crítica
Exagero de "Segredos e Mentiras" faz filme crescer
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Às vezes, um filme precisa de
um empurrãozinho do exagero
para dar certo.
No caso de "Segredos e
Mentiras" (Futura, 1h30; livre), Cynthia é uma suburbana
branca, de meia-idade, a caminho de uma velhice infeliz.
Hortense é uma jovem negra,
bela e bem-sucedida.
Hortense, filha adotiva, procura a verdadeira mãe. E a encontrará na inverossímil pessoa de Cynthia. Como uma
branquela inglesa teve uma filha negra retinta? Bem, isso será questão para Cynthia, pois
daqui por diante se trata, para
ela, de desencavar seu próprio
passado.
Não é a "boa história" que
tanto se pede dos roteiristas
brasileiros. O achado da mãe
branca/filha negra é que traz o
filme para cima.
Outro diapasão é o de "O Gabinete do Dr. Caligari" (TC
Cult, 2h55; 14 anos). O filme de
Robert Wiene, inaugural do expressionismo alemão (1920), é
um desses que todo cinéfilo
tem de ver ao menos uma vez.
O terrível doutor que hipnotiza
os fracos ainda hoje tem muito
a nos dizer.
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