São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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Mexicanos apostam em cinema VIP no país

Rede Cinépolis, a quarta maior do mundo, que entrou no Brasil de olho no boom da classe C, chega a Alphaville

"O brasileiro não vai mais ao cinema por falta de salas", aposta Alejandro Ramirez, CEO do grupo criado em 1947

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Depois de cruzar tapumes e subir escadas com cimento fresco, Alejandro Ramirez, CEO da rede Cinépolis, chegou a seu primeiro empreendimento de luxo no Brasil: o cinema VIP do Shopping Iguatemi Alphaville.
Apesar de a inauguração estar prevista para hoje, tanto cinema quanto shopping eram, na tarde de anteontem, terreno em obras.
Mas a praga da última hora não inquieta o responsável pela quarta maior rede de cinemas do mundo. O que o deixa apreensivo em relação ao Brasil, a despeito do pesado investimento que tem feito no país, é o custo Big Mac.
"O Big Mac, aqui, está 40% mais caro que em Nova York. No México, o Big Mac é 30% mais barato que em Nova York. Como poderíamos cobrar o mesmo valor de ingressos aqui e lá?", pergunta.
"Um cinema como este, no México, teria custado 80% menos. E, quando calculamos o valor do ingresso, temos de levar em conta que 60% do público, aqui, paga meia."
E por que, então, o grupo abriu cinco complexos aqui em 2010 e deve inaugurar mais 290 salas em três anos? "Porque o brasileiro não vai mais ao cinema por falta de salas", aposta o executivo do grupo fundado em 1947 e presente em 11 países.
Ele lembra que o México, com aproximadamente metade da população do Brasil, tem duas vezes mais salas.
Enquanto os brasileiros vão 0,7 vezes por ano ao cinema, os mexicanos vão 1,8 vezes. Os norte-americanos, para se ter uma ideia, vão 4,5 vezes. Na geladíssima Islândia, o índice é de 6 vezes.
Além de irem menos ao cinema, os brasileiros comem menos nas sessões. "É cultural. Os brasileiros acham que cinema não é lugar para se comer", diz Ramirez.
"Nossas bombonieres aqui vendem metade do que vendem no México", diz Eduardo Acuña, presidente da Cinépolis no Brasil.
Uma das estratégias para incentivar o consumo de quitutes e pipocas é evitar que se formem filas à entrada da sala. É que, se vê a fila, o espectador tem a sensação de que não tem tempo de comprar algo para comer.
A comida, assim como os filmes, é adaptada aos frequentadores. Nas salas Cinépolis do largo 13 de Maio, 85% dos filmes são dublados e a bomboniere oferece hot-dog. Em Alphaville, exceção feita aos infantis, será tudo legendado, e o cardápio VIP terá bolinho de camarão.


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