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POLÍTICA CULTURAL
Filmes passariam antes de longas estrangeiros
Projeto de lei prevê exibição
obrigatória de curtas nacionais
da Sucursal de Brasília
O projeto de lei do senador Júlio
Campos (PFL-MT), que obriga os
cinemas a exibirem curta-metragem brasileiro antes de longa-metragem estrangeiro, será debatido
na Câmara dos Deputados, em julho, por representantes do setor.
O relator do projeto na Câmara,
deputado Ricardo Gomyde (PC do
B-PR), quer ouvir a opinião de
produtores, cineastas, donos de
salas de exibição e atores antes de
apresentar seu parecer. Ele já decidiu que vai elaborar um substitutivo, mudando a proposta original
do Senado.
"A idéia de fomentar a produção
de curtas-metragens é simpática.
Mas não adianta nada aprovar
uma lei que vai acabar se tornando
letra morta. Ouvindo o pessoal da
área, poderemos fazer uma lei
simpática e exequível", disse
Gomyde.
"Precisamos incentivar a produção de curta-metragem sem que
a lei se torne um paternalismo estatal que encareça o preço do cinema e incomode todo mundo, inclusive o público", afirmou.
Segundo ele, o projeto aprovado
pelo Senado não explica, por
exemplo, se o público terá de pagar
um ingresso mais caro pelo fato de
assistir a dois filmes -um longa e
um curta-metragem. "Quem vai
pagar pela exibição do curta?",
pergunta.
Outra preocupação do deputado
paranaense é encontrar uma forma de evitar que a sala de exibição
exiba o mesmo curta-metragem
durante vários meses.
"As salas terão de fazer rodízio,
para evitar que a repetição se torne
um sacrifício para o público", disse Gomyde.
Projeto
O projeto de Campos foi aprovado pelo Senado em 96. Ele obriga a
exibição de filme brasileiro de curta-metragem antes de toda sessão
cinematográfica comercial, destinada à exibição de longa-metragem estrangeiro.
Para ser beneficiado, o curta-metragem precisa ter certificado de qualidade emitido pelo Ministério da Cultura e duração de,
no máximo, dez minutos. Outra
exigência é que seja produzido em
bitolas de 35 ou 16 mm.
As sessões cinematográficas de
difusão cultural sem fins lucrativos ou as de caráter filantrópico ficarão isentas da exigência de exibição preliminar de curta.
O projeto também determina o
rodízio obrigatório dos curtas em
exibição, que deverão acompanhar, "preferencialmente", a mudança da programação do circuito
comercial.
Gomyde receia que a quantidade
de curtas produzidos no país não
seja suficiente para cumprir essa
exigência.
"Já pedi um levantamento da
produção atual de curtas. Temos
de encontrar uma maneira de garantir a variedade na exibição, mas
com base na realidade", disse.
A audiência pública foi aprovada
pela Comissão de Educação, Cultura e Desportos, por proposta do
relator.
A data não foi marcada, mas
Gomyde pretende realizá-la em julho, durante a convocação extraordinária do Congresso.
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