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CINEMA
Evento na Sala Uol discutiu o 2º longa da cineasta
Filme de Tata Amaral inverte o mito de Édipo, conclui debate
DA REPORTAGEM LOCAL
Discussões sobre
a tragédia como gênero dramático e as
estéticas do cinema
nacional marcaram
o debate realizado
após a exibição, no último dia 18,
do filme "Através da Janela", segundo longa de Tata Amaral.
O evento, promovido pela Folha, AF Cinema e Vídeo e Universo Online, aconteceu na Sala UOL
de Cinema, em SP. Participaram
Fernando Bonassi, escritor e roteirista do filme, Maria Rita Kehl,
psicanalista, Rubens Machado,
professor de cinema da ECA-USP, e a cineasta Tata Amaral.
O filme mostra o cotidiano de
uma mãe superprotetora, Selma
(Laura Cardoso), e seu filho, Raimundo (Fransérgio Araújo), que
vivem uma relação aparentemente incestuosa. Mas a vida estável
termina quando Raí passa a receber ligações de uma mulher misteriosa e a chegar tarde em casa.
Rubens Machado situou o filme
de Tata Amaral na atual conjuntura do cinema nacional, destacando sua temporalidade. "Impressiona essa capacidade rara
num filme brasileiro de trabalhar
com o tempo. A capacidade de fazer com que a circunstância do
personagem nos ponha em uma
situação de grande densidade é
um elemento estilístico que falta
ao cinema brasileiro recente. Isso
diferencia os dois longas da Tata
Amaral da maior parte dos filmes
nacionais desta década", afirmou.
Maria Rita Kehl falou sobre a
tragédia na psicanálise. "A tragédia surge como aquilo que a gente
chama de encontro com o destino, que assume a forma do encontro com o desejo", disse. Para
ela, "Através da Janela" traz invertido o mito de Édipo (o filho que
deseja a mãe). "Aqui, a mãe é edipiana, é o personagem trágico, e o
filho é o objeto dessa mãe."
Fernando Bonassi falou sobre o
processo de criação do roteiro. "A
gente procurou trabalhar as informações em cinco dias, em sequência. Cada dia contém as mesmas ações. Do primeiro ao último, as mesmas coisas acontecem,
e colocamos ruídos para construir a história. São cinco curtas
de 12 minutos cada", disse.
Tata Amaral, que estava na platéia, falou sobre como o filme nasceu. "Começou com um desejo de
continuar o estudo sobre a estrutura da tragédia. O argumento
surgiu quando vimos Laura Cardoso na peça "Vereda da Salvação", com Luís Mello falando às
massas, e ela saindo do fundo e
parando atrás dele."
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