São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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"Amo a vida", diz Liza Minnelli

Encarnação do "showbiz", atriz, cantora e dançarina, que tem vida atribulada, faz shows no Rio e em SP

Artista, que diz ser fã de música brasileira, promete incluir clássicos kitsch, como "New York, New York" e "Cabaret", no repertório

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não se fazem mais artistas como Liza Minnelli. Aos 61 anos, ícone da Broadway, estrela de cinema e cantora respeitada, ela representa um universo artístico em extinção, que já foi a essência do mundo do entretenimento. É uma remanescente da época em que os artistas representavam -no palco, no cinema e em discos- os sonhos do público e sabiam atuar, cantar e dançar com talento e desenvoltura.
Prestes a se apresentar no Brasil -dia 18/6, em São Paulo, dia 21, no Rio-, a artista fez uma pausa entre ensaios para conversar com a Folha. Cumprindo as expectativas, já atendeu ao telefone elétrica, dando a impressão de estar pronta para falar da vida e da arte, como se já não tivesse dado mais entrevistas do que seria possível contabilizar.
"Não vejo a hora de chegar aí", já avisa ela, antes de qualquer pergunta. "A música brasileira é a minha música favorita, e tenho grandes amigos aí.
Eu tenho mais discos de música brasileira do que americana em casa, ouço o tempo todo.
Adoro todas as cantoras, adoro João Gilberto, era muito amiga do Tom Jobim. Edu Lobo é um dos meus melhores amigos, até já mandei um telegrama pra ele avisando que estou chegando.
O ritmo brasileiro é diferente do mundo todo. Você desce do avião e até os prédios têm ritmo," diz ela.
Há 15 anos sem se apresentar por aqui, a cantora nesse meio tempo passou por várias revoluções pessoais. No começo desta década, teve um caso sério de encefalite e se recuperou por pouco. Foi internada várias vezes em centros de reabilitação para tentar se livrar da bebida e, em 2002, fez uma série de espetáculos com o nome de "Liza's Back", para marcar seu retorno. Os espetáculos foram dirigidos por seu então recente marido, David Gest, com quem planejou até dividir um "reality show".
Mas não durou muito: em 2003, Gest pediu divórcio, acusando a cantora de tê-lo espancado. No ano seguinte, foi acusada de abusar sexualmente de seu motorista. E, em 2006, foi manchete de jornais no mundo inteiro por vender uma mansão herdada de seu pai com sua madrasta de quase 100 anos ainda lá dentro. Afinal, ela é realmente uma pessoa tão intensa quanto dizem os jornais?
"Eu apenas amo a vida", ela responde, entre altos risos. "Acho que sou uma pessoa alegre. Trabalho duro e depois aproveito. A vida é uma questão de equilíbrio: risos, música, consideração e gentileza.
Quando eu subo no palco, sinto que sei o que o público sente, porque eu passei pelas mesmas coisas."
O palco, aliás, é o lugar onde Liza se sente mais em casa.
Apesar de sua também prolífica carreira no cinema, é nos shows que ela mais se entrega.
"Eu fui criada para estar no palco, comecei com 15 anos", conta. "Eu sempre tento pensar o que me empolgaria se eu estivesse sentada na audiência, e o que me empolga é quando os artistas fazem coisas diferentes, arriscam-se."
Riscos à parte, certas coisas são garantidas em qualquer apresentação da cantora. "O show vai ter muita dança e vou cantar muito, tudo aquilo que as pessoas sempre adoram", diz, entre risos. Entre seus hits, ela garante cantar os indispensáveis, como "New York, New York", "Cabaret" e "World Goes Round".
E garante muita animação: não só do público, mas dela mesma. "Eu sou a pessoa mais empolgada nos meus shows, com certeza", ri. "Quando subo no palco, pertenço às pessoas para quem estou me apresentando."


LIZA MINNELLI
Quando:
18/6, às 22h
Onde: Tom Brasil -°Nações Unidas (r. Bragança Paulista, 1.281, tel. 0/xx/11/ 2163-2000)
Quanto: de R$ 250 a R$ 600


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