São Paulo, domingo, 29 de maio de 2011

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VANESSA VÊ TV

VANESSA BARBARA vanessa.barbara@uol.com.br

Retratação

VÁRIOS LEITORES escreveram com tochas e tridentes em repúdio à coluna do último domingo sobre o "Profissão Repórter" (Globo, ter., às 23h30), um programa tão útil quanto um bolso de pijama.
"Como um assíduo usuário de pijamas, achei um pouco ofensiva a comparação. No frio de Florianópolis, o bolso serve para esquentar a mão que não está segurando o controle remoto. O mesmo não pode ser dito desse programa "jornalístico'", afirma o leitor Ricardo Selke, soltando fúria pelas ventas.
Meu próprio avô me censurou duramente. Ora, todos sabem que o bolso do pijama serve para abrigar o rádio de pilha, o iPod ou o próprio controle remoto, numa incursão emergencial à cozinha.
Resumindo, ele é necessário "para você ter onde guardar suas coisas quando passa o dia inteiro de pijama", defende a inflamada Diana Passy. "Seria muito mais fácil se eu pudesse guardar meu iPhone no bolso, em vez de equilibrá-lo entre um copo de suco e um prato com caqui, enquanto subo as escadas."
O bolso de pijama supre parcialmente uma demanda ainda premente, que dispõe sobre o pouso temporário de controles remotos durante um filme de mais de três horas, digamos, "Ben-Hur" (1959, William Wyler).
Aqui em casa, temos o controle da TV, o dos canais a cabo, o do Blu-ray, o do VHS e o do DVD. Dependendo do que estamos assistindo, é preciso deixar à mão dois ou três controles, que fatalmente serão engolfados pelas dobras do sofá, pelas almofadas ou por um vórtice paralelo localizado em algum canto da sala, para onde convergem os isqueiros e as tartarugas.
Existem caixas do tipo "porta-controles", que são de pouquíssima ou nenhuma valia. O ideal mesmo seria ter um sistema de fios presos ao teto por ventosas, de onde penderiam os controles, na altura do ocupante do sofá. Quando em desuso, grudaríamos os aparelhos à parede com velcro.
Assim eles ficariam ao alcance e não haveria chance de sentarmos em cima, mudando de canal bem na hora em que o Charlton Heston baba na túnica ou quando surge em cena uma gloriosa plataforma de aço galvanizado, pouco antes do momento das corridas.
De modo que peço desculpas publicamente se ofendi os designers de pijama e os bolsos em si. Prometo ser menos leviana.


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