São Paulo, sexta, 29 de maio de 1998

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'Lobisomem' uiva em Paris, mas não morde

LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada

Exemplar de um certo revigoramento do cinema de horror, entra em cartaz hoje o filme "Um Lobisomem Americano em Paris", produção americana do final do ano passado que carrega em sua estirpe um certo grau de parentesco com o clássico cult "Um Lobisomem Americano em Londres", (John Landis, 1981).
Em um primeiro momento, o da inevitável comparação, é bom deixar claro que o filme que estréia é um reles primo de segundo grau do filme de Landis.
No começo dos anos 80, foi impressionante ver na tela uma transformação a "olho nu" do homem em lobo, o que rendeu um Oscar de efeitos especiais ao "Lobisomem" que apavorou Londres. Hoje, qualquer videoclipe de banda "Z" faz igual ou melhor.
Se o comparativo entre a direção de um e de outro for covardemente estabelecido, este filme de Anthony Waller não merece nem o esforço do lobisomem em atravessar o canal da Mancha.
Agora, destacado de seu antecessor famoso, "Um Lobisomem Americano em Paris" até que não é tão estúpido e tem lá sua graça anárquica ocasional. Principalmente o início, que remete à fantasia.
É primavera em Paris. E, durante as coloridas férias de um americano na Cidade Luz, ele (Tom Everett Scott, "The Wonders - O Sonho Não Acabou") encontra uma garota (Julie Delpy). Ok, ela é um lobisomem, mas ele ainda não sabe.
Seraphine, exemplo da beleza triste francesa, e o americano Andy se conhecem numa atmosfera cinematográfica clichê, a da garota ameaçada por algo que tenta o suicídio como escape, mas um cara qualquer aparece do nada e banca o herói. Aconteceu em "Titanic", para citar caso recente.
Seraphine se joga do alto da torre Eiffel e Andy, praticante de bungee-jump, a salva. Ela repudia o ato heróico do forasteiro e se vai, fula.
É aí que o banho de sangue começa. Ele acha que encontrou a mulher de sua vida e vai atrás, sem saber que na verdade ela é a filha do lobisomem do filme de 17 anos atrás, que está viva na capital francesa tentando descobrir um meio para se livrar da maldição.
Mas, apenas para deleite daqueles que não querem se livrar da maldição de ver um filme de horror trash, "Um Lobisomem Americano em Paris" tem alguma serventia.
Este "Lobisomem" uiva um pouco, mas não morde.

Filme: Um Lobisomem Americano em Paris Direção: Anthony Waller Produção: EUA, 1997 Com: Tom Everett Scott e Julie Delpy Quando: a partir de hoje, nos cines Lar Center 3, West Plaza 2, Top Cine 1, Paulista 3 e circuito


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