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"ATLANTIS"
Aguardada estréia de verão da Disney arrecadou, no fim de semana de estréia, apenas US$ 20 mi em bilheteria
Desenho volta às raízes da animação e morre na praia
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Mundos perdidos sempre intrigaram e fascinaram gerações. Era
uma questão de tempo para que a
Disney voltasse sua atenção ao assunto. Misturando animação tradicional com imagens geradas
por computadores, o estúdio nos
apresenta a "Atlantis -°O Reino
Perdido", que, pela história clássica e os personagens construídos
sobre moldes antigos, ousa voltar
às raízes da animação.
"Não acho que esse seja um movimento de risco", discorda o produtor Don Hahn. "Muito se fala
da modernidade de técnicas de
filmagem que desenhos animados adquiriram nos últimos anos,
mas acho que sempre haverá lugar para enredos mais clássicos e
menos irônicos", disse em clara
alusão ao concorrente "Shrek".
Só que a verdade, revelada minutos depois pelo diretor Kirk
Wise, é que o estúdio estava sim
disposto a apostar alto. "Quando
pensamos em fazer um filme que
não fosse um musical, achamos
que a Disney iria recusar a proposta. Mas os chefes do estúdio
disseram que era hora de ousar e
que bancariam um não-musical."
O problema é que, US$ 90 milhões e quatro anos depois, a Disney parece ter se atrevido na contramão do fluxo de risco da animação contemporânea (inaugurada com "Toy Story" e sacramentada com "Shrek") e "Atlantis" ficaria melhor como o grande
lançamento do verão de 1980.
O argumento de Wise para explicar a falta de números musicais
é que fica difícil competir com um
desenho como "A Bela e a Fera",
que estourou em bilheteria e ainda conseguiu o feito de competir
ao Oscar de melhor filme. "Como
fazer mais do que isso?", indaga.
A resposta fica no ar, mas ele
certamente descobriu como fazer
menos, já que "Atlantis", no fim
de semana de estréia, arrecadou
apenas US$ 20 milhões em bilheteria, valor pequeno em se tratando do sempre aguardado e antecipado lançamento de verão da Disney. "É difícil projetar o sucesso
de um filme. Sabemos que temos
em mãos um assunto que fascina
e que Michael J. Fox ( a voz de Milo, o personagem principal) garante bilheteria, mas o resto é especulação e sorte", disse Wise.
Reside em Milo -um jovem e
determinado explorador disposto
a reencontrar a cidade perdida-
a esperança do estúdio de dar por
encerrada a fase dos protagonistas masculinos, com os quais o
público não se identifica.
Mas o real grande desafio da
equipe por trás de "Atlantis" era
criar um desenho que entretivesse
adultos e divertisse crianças, por
isso talvez a história sobre o resgate à civilização afundada tenha
derrapado e parado em um limbo
cinematográfico; monótona para
os grandinhos e extremamente
confusa para os baixinhos.
"A animação que começa com o
desenho feito pela mão do artista,
com roteiro clássico e ingênuo para as crianças sonharem, nunca
morrerá. Sempre haverá lugar para o ideal de Walt", diz Hahn.
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