São Paulo, sexta-feira, 29 de junho de 2001

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MODA

Segundo dia do evento também contou com desfiles das grifes M.Officer, G e Ellus, no parque Ibirapuera, em SP

Equilíbrio leva suavidade à Fashion Week

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

O segundo dia da São Paulo Fashion Week começou com a sempre suave Equilíbrio, de Marcia Gimenez, seguida de um pouco suave desfile da M.Officer.
A grife faz uma colagem de referências de várias décadas, de modo sutil, usando muito do aspecto artesanal, como aplicações de fitas dos próprios tecidos e frufrus, em alças e punhos de blazer, bem como no colo das camisas tipo smoking. O desfile foi editado em cores, começando com os crus, menta, amarelo girassol, laranja, pistache, turquesa e preto.
As poucas calças eram dos terninhos, com proporção nova no blazer, mais curto e de manga 7/8. No casting, Lu Curtis, Caroline Ribeiro, Marcelle Bittar e Talytha.
Numa sala decorada com palha e objetos como panelas e facas, a M.Officer apresentou seu desfile de verão, que tinha como trilha sonora o show da cantora Marlui Miranda e seu grupo. Uma senhora índia de 91 anos serviu de cenografia, sentada em frente aos fotógrafos o desfile inteiro.
Talvez inspirada pela modelo que aparece nas campanhas da marca, a cearense Suyane, o estilista e empresário Carlos Miele decidiu discutir a questão indígena e a preservação de sua cultura.
Acabou por conseguir o efeito inverso, e, num certo sentido, o universo indígena pareceu ali tão explorado quanto sempre foi no Brasil. A sensação foi a de visitar uma dessas lojinhas de turista em hotel de luxo. "Vejo uma relação forte entre a cultura indígena e a moda. Os índios usam suas pinturas e vestimentas para mostrar status nas festas, a que clãs pertencem e onde nasceram", disse Marlui depois do desfile.
Para as palmas, Miele entrou com as mãos pintadas de urucum e com adereços indígenas de luta (ano passado entrou vestido de pai-de-santo, quando o "tema" da coleção era o candomblé).
Nas roupas, destacaram-se couros com Lycra cortados a laser, corselets de couro e de renda bordada e aplicada e jeans reciclado.
A marca G, de Gloria Coelho, apresentou adolescentes intergalácticas com vestidos pretos drapeados e fragmentados. Um body de estampa cyber fez lembrar andróides, com alfinetes e fechos sobre mochilas utilitárias, dando um ar punk.
A Ellus encerrou o segundo dia com uma coleção leve, jovem e colorida, em que o jeans e a customização de peças básicas provocavam os melhores resultados.


Colaboraram Jackson Araujo e Ronald Villardo, free-lance para a Folha


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