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ARTES PLÁSTICAS
Enquanto a sede é reformada, museu vai à "periferia"
MoMa reabre no Queens, menor e mais ousado
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Imagine se o Masp fechasse sua
sede na avenida Paulista para reformas e, enquanto isso, abrisse
uma filial no Jabaquara, em São
Paulo. Foi mais ou menos o que o
MoMa, o maior e mais prestigioso
museu de Nova York, fez. Hoje
passa a funcionar a "filial" da entidade, no Queens.
O bairro periférico é uma das
cinco regiões administrativas que
compõem Nova York, fica fora de
Manhattan e de seus turistas e está longe do luxo e da badalação do
prédio original do Museum of
Modern Art, na rua 53, que fechou para reformas.
A mudança para a sede provisória suscitou uma série de eventos.
Apenas colocar as obras nos caminhões e atravessar o rio Leste
em direção à ex-fábrica de grampos de papel agora pintada de
azul brilhante e transformada em
museu seria pouco para o MoMa.
Assim, no domingo, atores caracterizados como pintores famosos cruzaram a ponte de Queensborough carregando reproduções
de obras de milhões de dólares do
acervo, como "Desmoiselles d'Avignon", de Picasso, em direção
ao novo endereço, na rua 33, esquina da avenida 49 com o East
River Drive.
Hoje, das 10h às 22h, o ingresso
está liberado ao público. Às 21h30
(22h30 de Brasília), quem estiver
lá poderá assistir a uma chuva de
fogos de artifício que formarão
uma arco-íris sobre a Roosevelt
Island, performance de 20 segundos criada pelo artista chinês radicado em Nova York Cai Guo-Qiang, mais conhecido por seu
trabalho com pólvora sobre tela.
Entre as cinco exposições que
abrem a sede provisória está
"Tempo", cinco instalações multimídia que discutem as variações
culturais da noção de tempo, com
curadoria do brasileiro Paulo
Herkenhoff, curador-adjunto do
Departamento de Pintura e Escultura do MoMA.
Então, os trabalhos começarão.
A organização do museu diz esperar uma visitação média de mil a
2.000 pessoas por dia, contra
3.000 a 4.000 na sede antiga.
Devido à distância e para facilitar a vida dos turistas, o horário
de abertura foi adiantado em uma
hora -agora, as portas se abrem
às 10h (11h de Brasília).
Enquanto isso, a reforma e a
construção de um novo prédio
sobre o prédio antigo na sede de
72 anos de idade vai demorar três
anos e custar US$ 700 milhões. O
lugar estava ficando pequeno para um acervo de cerca de 100 mil
quadros, esculturas, fotografias,
maquetes e esboços, mais 14 mil
longas e curtas-metragens e 140
mil livros e periódicos.
Já a adaptação da nova localização, batizada de MoMa QNS, ficou a cargo do arquiteto Michael
Maltzan, 42, da Califórnia.
Ele se inspirou na hoje clássica
exposição "Temporary Contemporary", planejada por Frank
Gehry em 1983 num estacionamento do bairro de Little Tokyo,
em Los Angeles, enquanto o Museum of Contemporary Art
(MAC) da cidade estava sendo
construído.
Maltzan disse se lembrar de
uma frase do lendário fundador
do MoMa, Alfred Barr, de que o
museu era um torpedo, uma bala
disparada que liderava o ataque
do modernismo. "Tentei fazer isso com a nova sede, dar essa idéia
de trajetória, movimento, mudança." O público tem agora três
anos para avaliar.
Na internet: www.moma.org/momaqns/
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