São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Enquanto a sede é reformada, museu vai à "periferia"

MoMa reabre no Queens, menor e mais ousado

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Imagine se o Masp fechasse sua sede na avenida Paulista para reformas e, enquanto isso, abrisse uma filial no Jabaquara, em São Paulo. Foi mais ou menos o que o MoMa, o maior e mais prestigioso museu de Nova York, fez. Hoje passa a funcionar a "filial" da entidade, no Queens.
O bairro periférico é uma das cinco regiões administrativas que compõem Nova York, fica fora de Manhattan e de seus turistas e está longe do luxo e da badalação do prédio original do Museum of Modern Art, na rua 53, que fechou para reformas.
A mudança para a sede provisória suscitou uma série de eventos. Apenas colocar as obras nos caminhões e atravessar o rio Leste em direção à ex-fábrica de grampos de papel agora pintada de azul brilhante e transformada em museu seria pouco para o MoMa.
Assim, no domingo, atores caracterizados como pintores famosos cruzaram a ponte de Queensborough carregando reproduções de obras de milhões de dólares do acervo, como "Desmoiselles d'Avignon", de Picasso, em direção ao novo endereço, na rua 33, esquina da avenida 49 com o East River Drive.
Hoje, das 10h às 22h, o ingresso está liberado ao público. Às 21h30 (22h30 de Brasília), quem estiver lá poderá assistir a uma chuva de fogos de artifício que formarão uma arco-íris sobre a Roosevelt Island, performance de 20 segundos criada pelo artista chinês radicado em Nova York Cai Guo-Qiang, mais conhecido por seu trabalho com pólvora sobre tela.
Entre as cinco exposições que abrem a sede provisória está "Tempo", cinco instalações multimídia que discutem as variações culturais da noção de tempo, com curadoria do brasileiro Paulo Herkenhoff, curador-adjunto do Departamento de Pintura e Escultura do MoMA.
Então, os trabalhos começarão. A organização do museu diz esperar uma visitação média de mil a 2.000 pessoas por dia, contra 3.000 a 4.000 na sede antiga.
Devido à distância e para facilitar a vida dos turistas, o horário de abertura foi adiantado em uma hora -agora, as portas se abrem às 10h (11h de Brasília).
Enquanto isso, a reforma e a construção de um novo prédio sobre o prédio antigo na sede de 72 anos de idade vai demorar três anos e custar US$ 700 milhões. O lugar estava ficando pequeno para um acervo de cerca de 100 mil quadros, esculturas, fotografias, maquetes e esboços, mais 14 mil longas e curtas-metragens e 140 mil livros e periódicos.
Já a adaptação da nova localização, batizada de MoMa QNS, ficou a cargo do arquiteto Michael Maltzan, 42, da Califórnia.
Ele se inspirou na hoje clássica exposição "Temporary Contemporary", planejada por Frank Gehry em 1983 num estacionamento do bairro de Little Tokyo, em Los Angeles, enquanto o Museum of Contemporary Art (MAC) da cidade estava sendo construído.
Maltzan disse se lembrar de uma frase do lendário fundador do MoMa, Alfred Barr, de que o museu era um torpedo, uma bala disparada que liderava o ataque do modernismo. "Tentei fazer isso com a nova sede, dar essa idéia de trajetória, movimento, mudança." O público tem agora três anos para avaliar.

Na internet: www.moma.org/momaqns/



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