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São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

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Aberto para reformas


Museu da Imagem e do Som reabre suas portas em agosto e dará mais ênfase à TV


DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de um ano e meio fechado para reformas, o Museu da Imagem e do Som abrirá novamente ao público em agosto. Além das mudanças físicas, a nova direção planeja uma "reforma conceitual" do MIS, que deverá, entre outras novidades, dar mais importância à televisão.
"É inacreditável o MIS nunca ter trabalhado de modo regular com TV, a mídia mais poderosa e esteticamente mais rica do Brasil nos últimos 20 anos", diz Amir Labaki, que ocupa a direção do MIS desde maio deste ano e já esteve no cargo entre 1993 e 1995.
"Em minha gestão anterior, tinha começado um projeto para trabalhar com acervo e programação na área de TV. Agora, retomo a idéia com uma nova agressividade", diz Labaki, que também é crítico de cinema, articulista da Folha e diretor do festival de documentários É Tudo Verdade.
Segundo ele, especialistas farão um projeto sobre o tema. "Será um dos vetores de atuação do novo MIS. Ficaremos atentos à questão do audiovisual de forma mais ampla." O diretor afirma que a intenção não é criar um museu sobre o meio. "Mas um acervo importante de televisão deve fazer parte do MIS, que surgiu nos anos 70, quando a TV estava virando um veículo hegemônico."
Hoje o arquivo tem algumas raridades da história da televisão. "Mas é muito aleatório. Há, por exemplo, uma entrevista legal com o Chacrinha, feita no início dos anos 70, e alguns programas que foram exibidos em festivais."
Uma idéia para ampliar o acervo é pedir que as TVs colaborem com doações de seus arquivos. Além da coleção, Labaki pretende transformar o museu em um pólo de debates sobre o veículo.

Plano diretor
O foco em TV é um dos pontos a serem abordados num documento que irá definir a "identidade" do museu. "É o primeiro plano diretor da história do MIS, algo que todo museu sério no mundo tem, que diz qual é a sua vocação."
Labaki afirma que a coleção "foi recolhida de maneira muito voluntarista". "O acervo tem de ter um recorte bem definido. Precisamos saber o que ter de fotografia, artes gráficas, cinema, vídeo, TV, música. E temos de ter coragem para dizer: "Isso não deveria estar no MIS, está mais adequado ao perfil do Centro Cultural SP, Arquivo do Estado, Cinemateca"."
Essa reflexão, diz o diretor, deve valer também no sentido oposto: "É possível que haja acervos que deveriam ser do MIS e atualmente estão em outros locais".
Labaki também pretende investir em web arte. "O MIS não tem tradição em novas mídias, trabalhar com instalação, com arte na internet. E tem obrigação de estar aberto à demanda da produção contemporânea", diz o diretor, que programa também a inauguração de um site institucional.
Outra intenção é valorizar a realização de eventos, principalmente aqueles que possam realimentar o acervo. A programação do próximo semestre não está completamente fechada, mas é certo que haverá o Festival Internacional de Curtas-Metragens.

Parceria
A reforma, que esteve parada por falta de recursos, segundo Labaki, foi retomada há cerca de um mês. "Havia problemas de cupim, e a parte elétrica era muito precária. Quando assumi, o térreo estava sem iluminação. Parte do primeiro andar, sem assoalho", diz.
O museu pertence ao Estado de SP e é ligado à Secretaria da Cultura. "A segurança que me foi dada pela Cláudia [Costin, secretária da Cultura] é que não faltarão recursos para tocar suas atividades. Mas precisaremos de parcerias. Com a história e a marca forte que tem, o MIS é um excelente partido para iniciativa privada, não é?" (LAURA MATTOS)


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