São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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ILUSTRADA

Juíza acata denúncia e Gugu vira réu por causa de falsa entrevista

DA REDAÇÃO

A juíza Izabel Irlanda Castro Correia Araújo, da 2ª Vara Criminal de Osasco, acatou na última sexta-feira denúncia do Ministério Público contra o apresentador Augusto Liberato, o Gugu, do SBT, por supostos crimes decorrentes da exibição de falsa entrevista com "membros" da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na entrevista, veiculada no "Domingo Legal" de 7 de setembro de 2003, foram feitas ameaças ao vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, e aos apresentadores de TV Marcelo Rezende e José Luiz Datena.
Com o recebimento da denúncia, Gugu passa agora a ser réu em processo criminal. Também foram denunciados Wagner Maffezoli (repórter do SBT que entrevistou dois encapuzados que se diziam membros do PCC e faziam as ameaças), Rogério Casagrande (produtor do SBT que "armou" a entrevista), Amilton Tadeu dos Santos, o Barney (que intermediou a entrevista, recrutando os encapuzados), Antonio Rodrigues da Silva (o encapuzado Beta) e Vagner Faustino da Silva (o encapuzado Alfa).
A juíza marcou para 18 de agosto a audiência de qualificação dos réus e o julgamento. Todos os envolvidos foram denunciados por dois crimes previstos na Lei de Imprensa (publicação de notícia falsa que implica desordem pública ou alarma social e publicação, mediante recompensa, que importe em crime) e um do Código Penal (ameaça). As penas variam de seis meses a quatro anos.
A promotora Ana Gabriela Visconti ofereceu a denúncia no início de novembro. Mas como ela envolve crimes estabelecidos na Lei de Imprensa, todos os envolvidos tiveram direito a defesa prévia antes de a denúncia ser acatada pelo Judiciário.
A juíza Araújo, no entanto, não aceitou os argumentos dos advogados. Ela reconheceu indícios de existência de todos os crimes imputados pelo Ministério Público e recusou pedido de suspensão condicional do processo (nesse caso, ninguém seria réu).
Adriano Salles Vanni, advogado do apresentador do SBT, disse que irá recorrer da decisão da juíza assim que tomar conhecimento oficial dela. "Não vejo nem em tese o crime de ameaça", afirmou. Em setembro passado, Gugu disse que não sabia que a entrevista era falsa.
A assessoria de imprensa do SBT (cujos advogados defendem Maffezoli e Casagrande) não se pronunciou por não ter conhecimento da decisão. Mesmo argumento apresentou a advogada de Beta. O advogado de Barney e de Alfa não foi localizado.
O processo criminal é a terceira ação decorrente da falsa entrevista. As outras duas são ações cíveis (não criminais), que pedem indenização.
(DANIEL CASTRO)


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