São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2005

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ERUDITO

Il Giardino Armonico apresenta-se em SP com regência de seu fundador, o também flautista Giovanni Antonini

Grupo italiano barroco dramatiza Vivaldi

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Il Giardino Armonico, grupo italiano especializado em repertório barroco, apresenta-se hoje e amanhã, às 21h, na temporada do teatro Cultura Artística, em São Paulo, com a regência de seu fundador e também solista à flauta, Giovanni Antonini.
Em dois diferentes programas, interpretarão Vivaldi, Händel, Locatelli, Sammartini e Carl Carl Emanuel Bach.
O conjunto foi criado em 1985. Acumula por suas gravações prêmios bastante disputados na Europa, como o Diapason d'Or e o Gramophone. Entre outras premiações, recebeu também o Grammy de 2000 pelo disco em que atua com a meio-soprano italiana Cecilia Bartoli.
Giovanni Antonini, pouco antes de embarcar rumo ao Brasil, deu a seguinte entrevista à Folha.

 

Folha - O sr. interpretará cinco concertos de Vivaldi em São Paulo. Há a seu ver uma redescoberta da música dele em razão dos conjuntos com instrumentos originais e afinação de época?
Giovanni Antonini -
Os grupos italianos de instrumentos originais desde o início se empenharam em reapresentar de uma nova maneira a música de Antonio Vivaldi. De certo modo continuamos nessa tradição que vem dos tempos do "I Musici".
É certo, também, que os grupos que surgiram no Reino Unido e na Holanda para dar essa nova visão do repertório barroco não incorporavam Vivaldi com tanta freqüência em seus repertórios.

Folha - Qual a diferença básica entre o Vivaldi do "I Musici", dos anos 60, e o Vivaldi hoje interpretado por vocês?
Antonini -
Hoje em dia nos empenhamos em fazer uma leitura mais "dramática" da música de Vivaldi. É como se os seus concertos fossem música para teatro, com certa narratividade, com mais contrastes na dinâmica e nas cores.
Há 50 anos fazia-se um Vivaldi mais formal.

Folha - Há diferenças na maneira pela qual a música barroca é interpretada pelos italianos e pelos holandeses?
Antonini -
As diferenças são basicamente creditadas à personalidade nacional de cada país. Os italianos têm algo incorporado ao seu estilo que se origina nos oratórios, nas primeiras óperas. Ou seja, há como base cultural a música cantada, que precedeu a música instrumental. É também uma interpretação mais dramática, mais compatível com as culturas do Mediterrâneo.

Folha - O sr. já foi solista sob a regência de Harnoncourt, Leonhardt ou Pinnock, três imensos nomes do barroco na Europa. A seu ver eles já descobriram tudo o que há naquele período, ou há novas descobertas a serem feitas?
Antonini -
As pesquisas que eles e nós estamos fazendo jamais terminarão.

Folha - E quanto ao sr., quais as pesquisas em curso?
Antonini -
Continuamos a pesquisar com meu grupo as cores, as técnicas de interpretação.


II Giardino Armonico, com Giovanni Antonini (flauta e direção)
Quando:
hoje e amanhã, às 21h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, São Paulo, região central, tel. 0/ xx/11/3258-3344)
Quanto: de R$ 80 a R$ 170, ou R$ 10 para estudantes, meia hora antes dos concertos
Patrocínio: Banco Safra, Telefônica, Varig e Votorantim


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