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19ª SPFW
Fantasia da moda abre SPFW, que olha para seu passado
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Diretor da São Paulo Fashion
Week, Paulo Borges abriu o evento: foi o primeirão a entrar na passarela de Ricardo Almeida ontem,
às 15h15, no prédio da Bienal, no
parque do Ibirapuera. Ao lado do
cantor Seu Jorge, Borges foi bem
aplaudido, dando pistas do clima
de flashback fashion que deverá
marcar esta 19ª edição, que comemora dez anos do evento.
"Agora é que estamos começando a trabalhar", disse, num laivo
de humildade, durante a coletiva.
O prefeito de São Paulo, José Serra, também estava lá e anunciou
um novo projeto sobre estudos de
moda, previsto para o ano que
vem. "Serão duas unidades: uma
no centro, outra na Zona Leste",
declarou. A SPFW de verão 2006
mostrará 51 desfiles até segunda.
No primeiro dia, em termos de
moda, destacou-se mais uma vez
Alexandre Herchcovitch. Já em
termos de hype, Ricardo Almeida
trouxe glamour e leveza à abertura. Já a Patachou de Tereza Santos
fez um desfile confuso, ainda que
com boas peças avulsas.
Com 40 celebridades no elenco,
e nenhum modelo na passarela,
Ricardo Almeida trouxe a chic-queria da cultura lounge, com a
charmosa ambientação do arquiteto Arthur Casas (o mesmo do
hotel Emiliano, nos Jardins).
Champagne não poderia faltar, e
os famosos fizeram uma divertida
confraternização entre brindes e
luminárias-design.
O elenco estelar de Ricardo Almeida compôs um belo esquadrão de "homens de cinza", privilegiando a personalidade de cada
um. Os mais modernos vestiam
roupas mais "sequinhas", que incluíam jeans com blazers; os empresários e executivos vestiam
cortes mais clássicos. Nos dois casos, as proporções são mais estreitas e as mangas dos paletós mais
curtas. O look fashion era o do
surfista carioca Marcelo Biju, um
costume de cetim em cinza claro.
Dando prosseguimento a seu
novo espírito romântico e lúdico,
Herchcovitch mostrou praticamente um passeio na floresta,
com decoração de acrílico no
contra-luz dos janelões da Bienal:
unicórnios, cavalos-marinhos,
cogumelos, corações e flores. "A
imagem ficou como eu queria:
uma fantasia mesmo". As estampas são florais e também o melhor
da coleção: releituras de tecidos
sintéticos dos anos 70. A década
dá o tom do desfile, junto com o
folk. O estilista passeia habilmente entre um quê Carnaby Street
londrino, anabelas holandesas,
edições à Harajuku e lindas silhuetas de bonecas russas. Tudo
em embalagem mais acessível.
Acionando a simplicidade que
busca a moda global, a Patachou
se perdeu na história de fazer apenas um guarda-roupa de um "paraíso tropical". Ficam as saias e os
vestidos longos, os sempre bons
crochês e malhas. Alguns looks se
mostraram totalmente incompreensíveis: grunges do Guarujá?
Hippies do pôr-do-sol do Posto
Nove? Ana Claudia de vestido
curto florido e Adriana Lima de
iemanjá tropicalista não ajudaram muito a entender.
A Cia. Marítima trouxe um desfile adulto, o primeiro de moda
praia em SP, confirmando uma
tendência do Fashion Rio, a de
formas mais comportadas. O estilo é anos 70, aqui com leitura hippie. As meninas estavam ultrabronzeadas, um look "Rose de
Primo vai à India", segundo o top
maquiador Saulo Fonseca. A novidade: os looks misturados, com
calcinha separada do top, em estampas de arabescos, com aplicações de paetês e bordados. A imagem que muda a estação: o look
de Liliane Ferrarezi, com o modelo fio-dental sob os maiôs engana-mamãe, talvez uma evolução dos
recortes da Rosa Chá na última
estação.
Colaboraram André do Val e Jackson Araujo
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