São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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MERCADO EDITORIAL

Alemã Taschen aumenta catálogo em português e planeja expansão e loja no país

Maior editora de arte do globo paquera Brasil

Divulgação
Imagem de Muhammad Ali em luta de 66, incluída no livro "Goat"


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Benedikt Taschen é um sujeito que não convive com a palavra modéstia. Chama e rechama um trabalho que ele mesmo coordenou de "o maior tributo em livro da história a algum personagem vivo". Distribui, sem constrangimentos, o adjetivo "monumento" a outros tantos livros que imprime com o seu sobrenome na capa. Conta que não é possível saber "quantas centenas de milhões de exemplares" já vendeu até hoje.
Não é à toa. É dele um dos maiores "de abóbora em carruagem" da história do livro no século 20.
Aos 18 anos, Benedikt abriu uma loja de história em quadrinhos em uma ruazinha de sua cidade, no oeste da Alemanha. Duas décadas depois, o que era um quiosque de fachada cor rosa e 25 m2 é a maior empresa de livros de arte do mundo. Mais uma vez sem modéstia, "um volume da Taschen é vendido a cada segundo em algum canto da Terra".
Pois este canto do planeta chamado Brasil tem andado bem cotado nos planos expansionistas de Taschen. Há pouco mais de cinco anos, ele decidiu montar uma operação no país.
Hoje, sua editora Taschen já tem por aqui seu segundo maior mercado na América Latina. Em entrevista à Folha, o "sr. livro de arte" diz que quer ver esse bolo crescer. "Imaginamos que ainda há um enorme potencial de crescimento no mercado brasileiro e esperamos que em alguns anos nossos livros possam estar disponíveis no país todo."
Na conversa, em que o editor faz um balanço dos 20 anos de publicações da empresa, ele também fala do plano de abrir uma loja da Taschen, atividade que começou no ano passado, em São Paulo. Leia trechos a seguir.
 

Quando a Taschen apareceu, revolucionou o mercado ao oferecer livros de arte de qualidade com os preços mais baixos até então. Hoje a editora é a mais importante no setor de luxo. Por que vocês sempre trabalham nas margens?
Benedikt Taschen -
Livros de artistas e edições de colecionador sempre fizeram parte de nosso catálogo, mas em tiragens mínimas. Até que tivemos recentemente a idéia de expandir esse segmento, com livros muito grandes e especiais em tiragens maiores. O primeiro foi o livro "SUMO", de Helmut Newton, depois vieram obras sobre Leni Riefenstahl e, o mais recente, sobre Muhammad Ali.
O investimento neles não significa que tenhamos deixado de lado a produção dos livros econômicos, a base de nosso trabalho.

Folha - Por que a Taschen escolheu um boxeador como o tema do livro mais caro que já realizou, que teve sua versão de luxo lançada agora a US$ 10 mil a unidade?
Taschen -
Sou fascinado por Ali desde que era moleque e era um velho sonho trabalhar com ele. Acabamos -nós e todos os que o cercam, e que trabalharam conosco- fazendo o maior tributo em livro da história a algum personagem vivo. Foi muito interessante contar nisso com outro ícone americano, o artista Jeff Koons, que desenhou uma obra sobre o boxeador incluída na edição de luxo. Imagine o que teria sido Salvador Dalí trabalhando com Marilyn Monroe no auge de seus períodos criativos, ou Elvis colaborando com Andy Warhol.

Folha - Qual o tamanho do mercado brasileiro para a editora?
Taschen -
Alguns anos atrás fizemos um plano de desenvolvimento de nossa atuação no Brasil. Tudo está trabalhando de acordo com nossos planos. Na verdade, atualmente o Brasil já assumiu o posto de segundo maior mercado da Taschen na América Latina.

Folha - Quanto do catálogo de vocês é lançado em português?
Taschen -
Estamos atingindo a marca de 80% de todos os livros da Taschen em português. Os livros da série mais econômica, a Basic Art Series, são todos lançados em português, caso dos mais recentes "Bacon" e "Pollock". Essa coleção é a que vende melhor em português, com Salvador Dalí, Frida Kahlo, Picasso, Botero e Basquiat como os campeões.
Os próximos livros de cinema, como "Antonioni", "Truffaut" e "Film Noir", serão todos lançados já em português. E estamos felizes com o lançamento em breve do nosso "Leonardo da Vinci" [obra completa] nesse idioma.

Folha - Existe hoje algum projeto de expansão da editora no Brasil? Taschen - Já temos uma distribuidora exclusiva no Brasil, e as pessoas podem comprar nossos livros nas principais lojas das maiores cidades. Mas imaginamos que ainda há um enorme potencial de crescimento no mercado brasileiro e esperamos que em alguns anos nossos livros possam estar disponíveis no país todo.

Folha - No ano passado a Taschen abriu suas primeiras livrarias. Como vai esse segmento?
Taschen -
Até agora temos lojas Taschen em Paris, Los Angeles e Colônia. Vamos abrir novas lojas nos próximos anos. O Brasil é um país altamente interessante, com um cenário cultural muito vibrante. Amaria abrir uma loja aí, possivelmente em São Paulo.

Folha - Em 1998 você esteve aqui para começar um projeto sobre Oscar Niemeyer. Como vai o livro?
Taschen -
Trabalhamos a todo o vapor. O livro de Niemeyer está fadado a ser uma obra-prima.


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