São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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Moacir Santos chega premiado aos 80

Divulgação
Moacir Santos, professor de Baden Powell e Roberto Menescal


Relançamento de discos, troféus e a produção de um documentário marcam o aniversário do maestro pernambucano

Álbuns de Moacir lançados pela Blue Note nos anos 70 serão reeditados no Brasil; filme biográfico percorrerá lugares em que tocou

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na última quarta-feira, dia 26, Moacir Santos fez 80 anos. Um dia antes, seu disco "Choros & Alegria" foi um dos vencedores do Prêmio Tim de Música; uma semana antes fora agraciado com o Shell de Música -as duas mais importantes prêmiações da área.
Aos 80 e morando em Los Angeles, costa Oeste dos EUA, há mais de 40, o pernambucano Moacir parece cada vez mais brasileiro e cada vez mais ativo -apesar do derrame que sofreu há cerca de dez anos que o impediu de seguir tocando saxofone. Maestro, compositor, arranjador, professor e saxofonista, atualmente anda envolvido, entre outras coisas, com a produção de um documentário sobre sua vida.
"A idéia é fazer uma mistura de making of do seu disco mais recente, "Choros & Alegria", com a história da vida dele. Já captamos muito, mas faltam ainda algumas coisas. Queremos levá-los nos lugares onde ele tocou na juventude, por exemplo", conta Mario Adnet, músico e produtor que nos últimos anos se dedica a recuperar a obra de Moacir. O documentário está aprovado na Lei Rouanet e deve ser finalizado até o ano que vem.
Outra grande novidade -talvez a mais espetacular- é que Adnet e seu parceiro Zé Nogueira estão em negociações adiantadas para lançar finalmente no Brasil os discos que Moacir gravou nos anos 70 na conceituada gravadora de jazz Blue Note. "Já fizemos uma reunião com o pessoal da Blue Note, em Nova York, e está tudo correndo bem. Só falta cuidar da parte burocrática. Esperamos conseguir fazer tudo ainda este ano", contou Adnet.
Os três álbuns -"The Maestro", de 1972; "Saudade", de 1974; e "Carnival of the Spirits", de 1975- circulam entre colecionadores há tempos e são igualmente inspirados, trazendo Moacir Santos leve e jazzístico, mais do que em seu trabalho mais conhecido, o álbum "Coisas", único lançado no Brasil, em 1965.
"Coisas", lançado na época pela gravadora Forma e relançado em CD em 2004, foi um impacto na música da época, ainda que não tenha sido um sucesso comercial. "Quando o "Coisas" saiu, a turma dos músicos da bossa nova se reunia todo sábado só para ficar ouvindo o LP", conta Roberto Menescal, aluno de Moacir na época.
Nara Leão, Baden Powell, Sérgio Mendes eram outros de seus alunos -e todos sempre correram em elogiar a genialidade do mestre, além de chamá-lo para seus discos. O músico também escreveu arranjos para o primeiro disco de Vinicius de Moraes -que aliás, o homenageia no famoso "Samba da Bênção": "Moacir Santos, tu que não é um só, é tantos".


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