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LIVROS
Coletânea organizada pelo escritor Eduardo Bueno traz artigos a respeito da importância da árvore em diversas áreas
Obra eleva relevância do pau-brasil na história do país
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
O que há por trás das simplistas
ligações feitas no período escolar
entre pau-brasil, economia do período colonial deste país e o próprio nome do mesmo? Segundo o
livro "Pau-Brasil", que será lançado na próxima segunda-feira, relatos sobre o desbravamento de
terras distantes, choque de civilizações e pistas sobre as controvérsias envolvendo a maior façanha
portuguesa, o Descobrimento.
Para detalhar a relevância da árvore na história do Brasil, o jornalista e escritor gaúcho Eduardo
Bueno, autor dos best-sellers da
coleção "Terra Brasilis", convidou especialistas de diversas searas, indo da botânica à navegação,
passando pela moda.
A pesquisa organizada por Bueno trilha o caminho até a origem
da palavra "brasil", que veio dos
celtas -não foi por galhofa de
companheiros que havia na seleção escocesa da Copa de 1982 um
jogador com o sobrenome Brazil.
Os celtas davam o nome de
"breazail" ao estanho, que era
matéria-prima para obtenção da
cor púrpura vista no manto de
reis e sacerdotes e era comercializada com os fenícios, cuja terra
não se conhecia a localização.
Quando estes últimos interromperam os negócios do produto,
surgiu na mitologia celta a imagem da ilha de Hy Breazail, depois
O'Brazil, a "nação dos vermelhos", onde viveriam os fenícios.
Curiosidades à parte, o que a
história registrou à exaustão foi o
valor comercial do pau-brasil no
século 16, que teria sido identificado imediatamente pela expedição
de Pedro Álvares Cabral.
Mas o artigo "O Enigma do Pau-Brasil" do pesquisador Fernando
Lourenço Fernandes, presente no
livro, afirma que não foi bem assim. A teoria é de que seria improvável que os portugueses percebessem logo de cara o potencial
da árvore sem empreender uma
intensa pesquisa, o que reforçaria
a tese de um pré-Descobrimento.
Outra idéia defendida por Fernandes, e que Eduardo Bueno diz
ser a grande novidade trazida pelo livro, é a de que a primeira feitoria construída pelos portugueses não foi erguida em Cabo Frio
(RJ), e sim na atual Ilha do Governador, na zona norte carioca.
Bueno, porém, é cético quanto à
resposta de acadêmicos e da mídia a essa nova formulação: "Eu
acho que ninguém vai dar muita
bola, porque o Brasil é o Brasil. Lá
fora, a [revista] "National Geographic" investiu milhões e milhões
de dólares para descobrir a primeira ilha que [Cristóvão" Colombo aportou. Mas aqui, quando se trata da primeira feitoria
construída no hemisfério Sul...".
Os nove artigos que compõem
"Pau-Brasil" são acompanhados
por uma extensa pesquisa infográfica -são cerca de 200 fotos,
ilustrações e mapas. "É o maior
trabalho desse tipo já feito sobre o
assunto", diz Bueno.
O livro custou R$ 300 mil e é
parte da coleção "Quatro Ciclos",
que ainda vai lançar "Cana-de-açúcar", "Mineração" e "Café". A
série mudará de nome se Bueno
convencer os patrocinadores:
"Quero emplacar a borracha".
PAU-BRASIL. Organização: Eduardo
Bueno. Lançamento: Axis Mundi Editora.
Preço: R$ 35 (ed. simples) e R$ 80 (ed.
luxo). 280 págs. Patrocínio: Machado,
Meyer, Sendacz e Opice Advogados.
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