São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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LIVROS

Coletânea organizada pelo escritor Eduardo Bueno traz artigos a respeito da importância da árvore em diversas áreas

Obra eleva relevância do pau-brasil na história do país

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

O que há por trás das simplistas ligações feitas no período escolar entre pau-brasil, economia do período colonial deste país e o próprio nome do mesmo? Segundo o livro "Pau-Brasil", que será lançado na próxima segunda-feira, relatos sobre o desbravamento de terras distantes, choque de civilizações e pistas sobre as controvérsias envolvendo a maior façanha portuguesa, o Descobrimento.
Para detalhar a relevância da árvore na história do Brasil, o jornalista e escritor gaúcho Eduardo Bueno, autor dos best-sellers da coleção "Terra Brasilis", convidou especialistas de diversas searas, indo da botânica à navegação, passando pela moda.
A pesquisa organizada por Bueno trilha o caminho até a origem da palavra "brasil", que veio dos celtas -não foi por galhofa de companheiros que havia na seleção escocesa da Copa de 1982 um jogador com o sobrenome Brazil.
Os celtas davam o nome de "breazail" ao estanho, que era matéria-prima para obtenção da cor púrpura vista no manto de reis e sacerdotes e era comercializada com os fenícios, cuja terra não se conhecia a localização.
Quando estes últimos interromperam os negócios do produto, surgiu na mitologia celta a imagem da ilha de Hy Breazail, depois O'Brazil, a "nação dos vermelhos", onde viveriam os fenícios.
Curiosidades à parte, o que a história registrou à exaustão foi o valor comercial do pau-brasil no século 16, que teria sido identificado imediatamente pela expedição de Pedro Álvares Cabral.
Mas o artigo "O Enigma do Pau-Brasil" do pesquisador Fernando Lourenço Fernandes, presente no livro, afirma que não foi bem assim. A teoria é de que seria improvável que os portugueses percebessem logo de cara o potencial da árvore sem empreender uma intensa pesquisa, o que reforçaria a tese de um pré-Descobrimento.
Outra idéia defendida por Fernandes, e que Eduardo Bueno diz ser a grande novidade trazida pelo livro, é a de que a primeira feitoria construída pelos portugueses não foi erguida em Cabo Frio (RJ), e sim na atual Ilha do Governador, na zona norte carioca.
Bueno, porém, é cético quanto à resposta de acadêmicos e da mídia a essa nova formulação: "Eu acho que ninguém vai dar muita bola, porque o Brasil é o Brasil. Lá fora, a [revista] "National Geographic" investiu milhões e milhões de dólares para descobrir a primeira ilha que [Cristóvão" Colombo aportou. Mas aqui, quando se trata da primeira feitoria construída no hemisfério Sul...".
Os nove artigos que compõem "Pau-Brasil" são acompanhados por uma extensa pesquisa infográfica -são cerca de 200 fotos, ilustrações e mapas. "É o maior trabalho desse tipo já feito sobre o assunto", diz Bueno.
O livro custou R$ 300 mil e é parte da coleção "Quatro Ciclos", que ainda vai lançar "Cana-de-açúcar", "Mineração" e "Café". A série mudará de nome se Bueno convencer os patrocinadores: "Quero emplacar a borracha".


PAU-BRASIL. Organização: Eduardo Bueno. Lançamento: Axis Mundi Editora. Preço: R$ 35 (ed. simples) e R$ 80 (ed. luxo). 280 págs. Patrocínio: Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.



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