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Pirataria do filme "Tropa de Elite" preocupa governo
Ministério da Justiça vê "ineditismo" no caso e diz que para combater o comércio ilegal pretende "atacar a demanda"
Vazamento de cópia do longa para mercado pirata ocorreu três meses antes da estréia prevista; para Agência do Cinema, "prejuízo é evidente"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário-executivo do
Ministério da Justiça, Luiz
Paulo Barreto, que preside o
Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a
Propriedade Intelectual, afirma que a pirataria de que foi alvo o filme brasileiro "Tropa de
Elite" contém "um ineditismo"
e "preocupa" o governo.
O aspecto inédito que o secretário aponta é a antecedência da venda de cópias ilegais
em relação à estréia do filme.
"Tropa de Elite", primeiro
longa de ficção do diretor José
Padilha ("Ônibus 174"), que
trata do cotidiano de oficiais do
Bope (Batalhão de Operações
Especiais) da Polícia Militar,
seria lançado em novembro.
Neste mês, uma versão do filme começou a ser vendida em
bancas de camelô no país.
"Não temos registro de algo
assim no Brasil e digo que é raro no mundo. Vemos casos em
que a pirataria entra simultaneamente à estréia nos cinemas ou dois ou três dias antes
dela", afirma Barreto.
O fato de o comércio ilegal do
filme atingir simultaneamente
uma rede de cidades, como Rio
de Janeiro, São Paulo, Brasília,
BH e Salvador demonstra, segundo o secretário, que "a pirataria é crime organizado".
No caso de "Tropa de Elite",
Barreto afirma que irá "trabalhar com a força da lei" e espera
"punição exemplar de quem
vendeu [a cópia que originou a
pirataria], por R$ 5.000, e de
quem comprou".
O caso está sendo investigado por delegacia especializada
nesse tipo de crime, no Rio.
O secretário julga que, para
restringir a pirataria audiovisual no Brasil, onde "de cada
dez DVDs vendidos, seis são piratas", é preciso "atacar a demanda". Está em preparação
uma campanha "que ridiculariza o consumo de DVDs piratas", relacionando-o "ao "mico"
de comprar produtos que não
prestam e são operados por crime organizado", afirma.
Após o vazamento para o comércio ilegal de "Tropa de Elite", a distribuidora Paramount
decidiu antecipar a estréia do
filme para 12 de outubro.
O presidente da Agência Nacional do Cinema, Manoel Rangel, que abordou o caso em reunião com Barreto na semana
passada, diz que "é evidente
que a circulação de cópias piratas causa problemas ao desempenho comercial do filme no
mercado de salas", trazendo
"prejuízo não só ao produtor ou
ao distribuidor, mas ao conjunto do cinema brasileiro e do
mercado audiovisual no país".
Rangel afirma que ""Tropa de
Elite" é dos filmes brasileiros
mais esperados do ano. Teve
um investimento de recursos
que o coloca entre os mais caros já realizados, com orçamento de R$ 10 milhões, e todo
o mercado apostava nele como
um grande resultado".
O impacto que a pirataria terá na bilheteria de "Tropa" é
uma incógnita no mercado de
cinema. O diretor da distribuidora Columbia, Rodrigo Saturnino Braga, que enfrentou a pirataria no lançamento de "2 Filhos de Francisco", maior sucesso nacional recente (5,4 milhões de espectadores), acha
que "vamos viver uma experiência única" quando o filme
passar pela prova da estréia.
Saturnino Braga diz que "no
momento, só é possível formular hipóteses" sobre o desempenho de "Tropa de Elite".
"Com "2 Filhos de Francisco",
a pirataria chegou na sexta semana do filme, quando ele já
havia superado a marca de 3
milhões de espectadores", diz.
"É verdade que, depois disso,
[o filme] ainda teve força para
fazer mais 2 milhões [de espectadores]. Mas, sem dúvida, causou enormes prejuízos para algumas cidades do interior, que
começavam a recebê-lo, e ao
mercado de DVD", pondera.
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