São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2011

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Segredos de Coco Chanel são tema de livros biográficos

Suposto elo entre a estilista e o nazismo é assunto comum a três títulos, dois dos quais chegam ao Brasil

'O Segredo do Chanel nº 5', já disponível no país, retrata a francesa como empresária inescrupulosa


PEDRO DINIZ
DE SÃO PAULO

Quarenta anos após sua morte, a história e o legado de Gabrielle "Coco" Chanel (1883-1971) ainda são um mistério. Só neste ano, a estilista francesa é abordada em três livros biográficos, que têm como tema comum seu suposto envolvimento com o nazismo.
Recém-lançado no Brasil, "O Segredo do Chanel Nº 5: A História Privada do Perfume Mais Famoso do Mundo" (Rocco, 304 págs.) é o único a já ter edição local à venda.
A autora Tilar J. Mazzeo, que fez sucesso com o livro "A Viúva Clicquot" (sobre a criadora do champanhe homônimo), esmiúça a trajetória do perfume que tornou milionária, nos anos 1920, uma então jovem e ambiciosa costureira.
Ao contar segredos obscuros da história do perfume apelidado de "monstro das fragrâncias" -como o jogo político que Chanel empreendeu para tentar tirar dos sócios os direitos sobre o produto- Mazzeo revela a personalidade de uma mulher movida pelas circunstâncias. E que soube lucrar, muito, com elas.
Numa das passagens mais impressionantes de sua narrativa, Tilar descreve o alvoroço dos soldados americanos em frente à loja de Chanel no fim da Segunda Guerra.
Ao expulsar os nazistas de Paris, em 1945, eles se amontoavam em filas para comprar um frasco do tal nº 5, enquanto sua criadora se escondia num quarto do hotel Ritz, temendo ter sua identidade secreta descoberta.
Em "Dormindo com o Inimigo: A Guerra Secreta de Coco Chanel" (a sair no Brasil em setembro), o jornalista americano Hal Vaughan relata que Coco Chanel teria trabalhado para o serviço alemão de inteligência.
Ela teria aceitado se tornar a espiã F-7214, em troca da libertação de um sobrinho de um campo de concentração.
No livro estão descritas uma operação de espionagem na Espanha e a amizade da estilista com Winston Churchill, estadista britânico que a teria livrado do fuzilamento após a queda do Terceiro Reich.
As supostas provas reunidas pelo autor, que seriam de arquivos militares americanos e europeus, incluem um documento do serviço britânico de inteligência.
Nele, um desertor alemão testemunha que, em 1943, Coco Chanel foi a Berlim oferecer seus serviços ao general Heinrich Himmler.
As informações levantadas por Vaughan, aliás, coincidem com as da autora Lisa Chaney, que, em novembro, lançará nos EUA o livro "Coco Chanel: An Intimate Life"(Coco Chanel: Uma Vida Íntima).
Assim como em "Dormindo com o Inimigo", Chaney relata o caso da estilista com Hans Gunther von Dincklage, um dos braços direitos do chefe da propaganda nazi, Joseph Goebbels, e que, supostamente, influenciou a estilista a agir como espiã.
Os documentos que comprovariam o antissemitismo de Chanel, de acordo com a editora responsável pela publicação, foram retirados do Arquivo Federal Suíço. Após o fim da guerra, vale lembrar, a estilista refugiou-se na Suíça com Dincklage.
Na controversa biografia, Chaney pretende provar o envolvimento da estilista com drogas, sua suposta bissexualidade e um caso amoroso com o pintor Salvador Dalí.

O SEGREDO DO CHANEL Nº 5: A HISTÓRIA PRIVADA DO PERFUME MAIS FAMOSO DO MUNDO
AUTOR Tilar J. Mazzeo
EDITORA Rocco
TRADUÇÃO Talita Rodrigues
QUANTO R$ 39,50 (304 págs.)

DORMINDO COM O INIMIGO: A GUERRA SECRETA DE COCO CHANEL
AUTOR Hal Vaughan
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Denise Bottmann
QUANTO sem informação (ainda no prelo)

COCO CHANEL: AN INTIMATE LIFE
AUTOR Lisa Chaney
EDITORA Viking
QUANTO US$ 18, em pré-venda na Amazon (464 págs.)


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