São Paulo, sexta, 29 de agosto de 1997.



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Vital casou e vendeu sua moto

da Reportagem Local

Pouca gente conhece o engenheiro mecânico Vital José de Assis Dias, 37. Pois ele é o Vital, o protagonista do primeiro sucesso dos Paralamas do Sucesso, "Vital e Sua Moto", de "Cinema Mudo". Aquele que "andava a pé e achava que assim estava mal".
Da época em que Vital se sentia "total" até hoje muita coisa mudou em sua vida. Casado há 12 anos, com um filha de 7, mora em Teresópolis (RJ) e trabalha com computação em um hospital do Exército em Triagem, no Rio. E não tem mais moto desde 87, quando vendeu sua Yamaha DT.
Vital não se sente o Pete Best (o baterista que deixou os Beatles pouco antes do sucesso). Vital participou do embrião do grupo, quando eram todos amadores e, depois de uma série de nomes esdrúxulos, escolheram algo com Paralamas por causa da fender (marca de guitarra que, em inglês, significa pára-lama).
"As pessoas pensam que deixei escapar a oportunidade. Não foi assim. Ninguém tinha uma pretensão profissional. Com 18 anos, a gente fazia zona. Nunca chegamos a gravar nem fita demo."
Mas Vital ainda sonha com os holofotes com seu trio de heavy metal, Sadom, que toca músicas em inglês e faz covers de Black Sabbath e Motorhead. Em 1990, lançaram um disco independente, em vinil ("Love and Death"), e agora preparam um CD. "Querer fazer sucesso é uma coisa. A realidade não é assim", diz.
Vital conheceu Herbert e Bi em um exame pré-vestibular no centro do Rio, em 78. "Dos três, só eu trabalhava. E trabalhava para comprar uma moto", diz Vital.
Os três se juntaram e resolveram fazer um grupo. "O Bi não sabia tocar uma nota", conta Vital.
Resolveram ensaiar na casa da avó de Bi, em Copacabana. Passaram o ano inteiro tocando. Quando entraram nas universidades, em 79, "cada um foi para um canto", diz Vital.
Anos depois, Herbert teve a idéia de fazer uma música sobre o "sonho de metal" do amigo.
O detalhe é que o sucesso que projetou os Paralamas não era bem aquele. A direção da gravadora EMI deu uma forçada para mudar algumas coisas no arranjo de "Vital e Sua Moto", e a banda novata aceitou. No fim, a música ganhou o refrão que não existia ("Os Paralamas vão tocar na capital/ Vital e sua moto, mas que união feliz") e um corinho feito pelos Golden Boys. (LAR)


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