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LITERATURA
García Lorca é reconstruído como símbolo
ROGÉRIO EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao contrário do que normalmente ocorre com os documentários sobre literatura, pouco se fala
da obra de Federico García Lorca
(1898-1936) em "Lorca, Assim
Passem Cem Anos", que o Eurochannel exibe hoje.
A tentativa de traçar as linhas
principais da personalidade de
Lorca domina os depoimentos
numa reconstrução do escritor
como símbolo da modernização e
da razão, contra as quais o franquismo usou toda a sua força.
Amigos, vizinhos e conhecidos,
exaltam a atitude sempre sorridente e elegante do autor de "Romancero Gitano", que recorria às
raízes folclóricas da Espanha andaluza em sua literatura.
No povoado de Fuentevaqueros, em Granada, era inspiradora,
segundo as testemunhas, a música "com alma" que o poeta tirava
de seu piano caseiro.
Centro de peregrinação de escritores como Salman Rushdie,
como conta o responsável atual
pela casa, por lá passaram, na infância e juventude do poeta, nomes mais tarde conhecidos, como
o do compositor Manuel de Falla.
Mas foi em sua estada como estudante em Madri que passou a
conviver com artistas fundamentais, como Salvador Dalí e Luis
Buñuel, que influenciaram seu
trabalho. Apesar de Lorca insistir
que nunca pertenceu a escolas literárias, fazia uso de imagens surrealistas em alguns de seus textos.
Alinhando-se ao caráter irrequieto e consciente do momento
político espanhol, surgem imagens do Lorca ator mambembe,
atuando na companhia "La Barraca", que armava sua tenda em
praças públicas para encenar nomes consagrados, como Calderón
de la Barca e Lope de Vega.
Numa apresentação, uma pedrada quase atinge o poeta. Uma
premonição do fuzilamento ordenado pelos nacionalistas anos
mais tarde? Lorca morreu em
1936 como vítima da Guerra Civil
Espanhola (1936-39) e símbolo da
modernização indesejada.
LORCA, ASSIM PASSEM CEM ANOS.
Quando: hoje, às 15h, e amanhã, às 9h,
no Eurochannel.
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