São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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Polanski pode ser solto sob fiança

Cineasta franco-polonês foi detido no sábado na Suíça por acusação de fazer sexo com menor nos EUA, em 1977

Escritório de advocacia suíço contratado por Polanski afirmou à Folha que não divulgará detalhes da estratégia a adotar

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Roman Polanski contratou um advogado de Zurique para recorrer do pedido de extradição feito pelos EUA ao governo da Suíça, em um processo que todas as partes preveem durar meses. Discute-se agora que ele seja solto sob fiança sob condição de não deixar o país.
O Ministério da Justiça suíço afirmou em comunicado que uma decisão sobre enviá-lo ou não aos EUA só será tomada após a formalização do pedido. "É possível haver apelação contra a detenção e a decisão de extraditá-lo", diz o comunicado. A decisão final cabe ao Supremo Tribunal Federal.
O cineasta franco-polonês foi preso ao chegar a Zurique no sábado para o festival de cinema local, sob mandado internacional pedido pelos EUA em 2005 -ele é acusado de fazer sexo com uma menor de idade em 1977. O Ministério da Justiça suíço não revela onde o mantém, mas diz tratar-se de "detenção provisória pré-extradição" contra a qual cabe apelo.
Polanski questiona o momento da prisão, já que na última década tem ido com frequência à Suíça, onde tem casa.
O escritório de Lorenz Erni, Eschmann & Erni, confirmou à Folha por telefone que Polanski, 76, é agora seu cliente. Mas afirmou que não divulgará detalhes da estratégia a adotar. A firma, curiosamente, é uma das recomendadas pelo Departamento de Estado dos EUA a cidadãos seus na Suíça.
Em entrevista à Rádio 4 da BBC, Jeff Berg, agente do diretor dos premiados "O Pianista" (2002) e "O Bebê de Rosemary" (1968), afirmou que seu cliente estava "surpreso, mas animado". "Sua voz está forte, ele está ansioso para resolver isso logo e voltar para casa."
"Casa" pode ser um conceito amplo para Polanski. Há cerca de "12 ou 15 anos", segundo Berg, ele possui uma propriedade em Gstaad -um resort de luxo na Suíça. "Ele vai para lá, trabalha lá, sua presença ali é bastante conhecida. Foi um choque, considerando que ele fora convidado para receber um prêmio por sua carreira."
A lei de alguns cantões na Suíça obriga quem declara residência no país a passar nele parte do ano, para evitar que endinheirados usem o local apenas como "endereço fiscal" para pagar menos impostos. Polanski, segundo amigos seus citados pela mídia inglesa, passou julho e agosto em Gstaad.

Intriga internacional
Mas é na França que Polanski vive de fato. O cineasta tem dois filhos com a atriz Emanuelle Seigner, sua terceira mulher -com quem está desde 1989 e a quem dirigiu em "Lua de Fel" (1992). Antes, fora casado com a norte-americana Sharon Tate, morta por seguidores de Charles Manson em 1969, e com a polonesa Barbara Lass.
Paris, que não extradita seus cidadãos, reagiu com veemência. O chanceler Bernard Kouchner definiu como "meio sinistro" o episódio. O presidente Nicolas Sarkozy acompanha o caso "de perto".
Há expectativa de que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, vá a Berna tratar do tema. Ao contrário de Paris, Berna mantém acordo de extradição com Washington.
Kouchner e seu colega polonês, Radek Sikorski, fariam um apelo direto a ela. Cineastas e artistas europeus, liderados pelo grego Constantin Costa-Gavras, exigem a soltura de Polanski em petição.
O diretor fez sexo com uma adolescente de 13 anos, em Los Angeles, em 1977. Após acordo, a acusação mudou de "estupro" para "sexo ilegal com menor", mas Polanski fugiu do país.



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