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Osesp debate escolha de novo regente
Reunião, que deve ocorrer dentro de 2 semanas, definirá a sucessão do maestro da orquestra a partir de 2012
Yan Pascal Tortelier ocupa o cargo desde 2009, quando John Neschling foi demitido em processo traumático
MORRIS KACHANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O dilema é grande. O prazo, apertado. Dentro de duas
semanas, será realizada uma
reunião entre a cúpula da
Osesp (Orquestra Sinfônica
do Estado de São Paulo) e
dois músicos representando
a orquestra.
O tema em pauta é a definição do novo regente titular a
partir de 2012, quando expira
o contrato do maestro francês Yan Pascal Tortelier, válido até o final de 2011.
As agendas dos maestros
são programadas com dois
ou mais anos de antecedência. Por isso, Tortelier pode
ficar por mais um ano.
Os consultores internacionais Henry Fogel e Timothy
Walker elaboraram uma lista
guardada a sete chaves, com
os nomes prioritários para
assumir a Osesp.
O escolhido certamente
sairá da relação dos maestros
convidados que têm se apresentado com a orquestra, todos tidos como candidatos
naturais.
Vários demonstram interesse, mas há outros que virão. A questão é esperar ou
não. "Já temos ótimas possibilidades, mas não podemos
nos precipitar. São coisas
que levam tempo, assim como escrever um livro ou ouvir uma sinfonia", afirma
Luiz Schwarcz, editor da
Companhia das Letras e
membro do Conselho da
Fundação Osesp, à frente do
comitê de busca.
O momento da carreira e a
disponibilidade dos candidatos são critérios fundamentais. Assim como a empatia com o projeto da orquestra. As fichas de avaliação dos maestros preenchidas pelos músicos também
contam no processo.
TORTELIER
A permanência de Tortelier por mais um ano é um cenário que divide opiniões. É
que a relação do maestro
com os músicos passa por
um momento de desgaste.
Em uma reunião dos chefes de naipe da orquestra
com Tortelier realizada durante sua última estadia em
São Paulo, em agosto, os músicos reivindicaram maior
envolvimento do maestro
nos ensaios.
Uma discussão entre Tortelier e bolsistas da Orquestra
do Festival de Inverno de
Campos do Jordão, em julho,
também repercutiu entre os
músicos.
"É como se a orquestra tivesse trocado o marido pelo
amante", resume a violoncelista Maria Luísa Cameron,
que comanda a Associação
dos Músicos Profissionais da
Osesp -o amante, no caso,
sendo o maestro Tortelier e o
marido, seu antecessor, John
Neschling. "Aí o amante se
torna marido e tudo que era
qualidade vira defeito."
Neschling foi demitido em
janeiro de 2009, em um processo traumático.
"Ninguém tinha ideia de
como lidar com a situação
dali em diante, a orquestra
nunca havia passado por isso. Nem os músicos, muito
menos o conselho", lembra
Schwarcz. Tortelier foi chamado às pressas.
AVALIAÇÃO
Uma pesquisa do Ibope sobre a avaliação do público
obtida pela Folha aponta
uma queda ligeira, de três
pontos decimais, na troca do
regente titular. Em 2008,
Neschling ficou com 9,0. Tortelier em 2010 está com 8,7.
Sob Tortelier, muitos
apontam, a sonoridade das
cordas da Osesp melhorou.
Entre os ouvintes a percepção é de que o maestro é irrepreensível regendo obras do
repertório francês, mas esbarra no alemão.
Por ter regido a Osesp em
apenas oito programas no
ano passado e seis até agora
em 2010 (serão 15 até o final
do ano), Tortelier ainda não
imprimiu uma identidade.
"Sempre o vi como um regente convidado mais presente,
nunca como um titular. É
fundamental a presença de
alguém que permaneça com
a orquestra. Só assim é possível se construir uma sonoridade específica", afirma
Mauricio Poletti, frequentador dos concertos desde 97.
Luiz Schwarcz enxerga a
orquestra no seu melhor momento, apesar da indefinição. "É verdade que toda semana a orquestra elege seu
novo maestro", brinca.
"Mas os desentendimentos fazem parte do dia-a-dia.
O clima hoje é de tranquilidade e entusiasmo", completa.
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