São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Artista está na Bienal
Sandra Cinto cria mundo impossível

Norma Albano/Folha Imagem
A artista Sandra Cinto durante confecção de obra na Bienal


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Prepare-se! Você vai entrar no mundo instável de Sandra Cinto, a artista plástica que inaugura hoje sua individual na Casa Triângulo.
Cinto também está hoje na mostra coletiva "6", que inaugura o Espaço Cultural Porto Seguro (leia texto nesta página). Além disso, na sexta, faz sua estréia na Bienal. No sábado, ela volta ao Ibirapuera, mas na mostra de trabalhos recentes do projeto "Antarctica Artes com a Folha", na Pinacoteca. Um desenho seu também pode ser visto no Itaú Cultural.
Em seus desenhos e esculturas, Cinto trabalha sempre com algum tipo de impossibilidade, seja da memória, que protagoniza seu embate contra o tempo; seja das formas que não suportam seus conteúdos; seja do pensamento, que não se conforma com o real, e por isso o subverte.
Sandra Cinto constrói mundos particulares e íntimos. Logo na entrada da galeria, em uma sala branca, um cavalo branco de fibra de vidro (realizado em uma fábrica de carrossel ainda em atividade no bairro de Jaçanã, em São Paulo) paira no ar, com seus movimentos congelados e o enigma sobre sua função, já que não gera expectativas, mas apenas contemplação.
O cavalo branco é apenas um dos novos elementos que Sandra Cinto insere em seus trabalhos nessa mostra. No desenho em frente, por exemplo, seus abismos se transformam em fluxos de linhas que lembram rios sem destino certo.
A impossibilidade se apresenta novamente logo adiante, em "Ponte Impossível", escultura que mostra uma cama suspensa sobre dois abismos. A cama tem as escalas humanas, mas não pode ser usada pois dispensou o conforto em prol de um outro tipo de prazer.
A escultura subverte o formalismo da escultura ao fazer o espectador passar por debaixo dela em vez de fazê-lo circular. A artista diz que a idéia lhe veio depois de ela passar por debaixo da aranha de Louise Bourgeois, na última Bienal.
As relações com a Bienal, principalmente a edição que começa no sábado, estão por toda parte. O cavalo branco na sala branca dialoga com a sala Monocromo; uma nova série de desenhos cria formas orgânicas que lembram as colunas vertebrais das esculturas de Maria Martins (sala especial na Bienal e uma das influências de Cinto).
A mostra termina em uma sala cinza em que um balanço pende do teto e que incorpora a janela. Novamente Sandra Cinto está lidando com a instabilidade e o impossível. Seu balanço não repousa, não gera alegria. Seu balanço descreve uma linha, delimita um espaço e faz pensar em tudo o que nos falta.
²
Mostra: Sandra Cinto (esculturas e desenhos) Onde: Casa Triângulo (r. Bento Freitas, 33, tel. 011/220-5910) Vernissage: hoje, às 21h Quando: de segunda a sexta, das 11h às 19h; sábado, das 11h às 15h Quanto: de US$ 2.000 a US$ 8.000
Visite a XXIV Bienal de São Paulo


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