|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SHOW - CRÍTICA
Alguém ousa dizer que Bacharach é brega?
CLAUDIA LIMA
especial para a Folha, no Rio
Luxo e glamour. Diante de uma
platéia que lotou o Metropolitan,
no Rio de Janeiro, na última quarta, o pianista, compositor e arranjador Burt Bacharach mostrou,
que, aos 70 anos, continua um
mestre das canções.
No palco, só dois teclados, bateria, metais, baixo, três cantores e
ele, comandando o piano. Para
arrasar com a platéia, Bacharach
já abre o show com um trecho de
"What The World Needs Now".
Animado, mas ainda tímido, ele
dá uma dica do que estava por vir:
um pout-pourri com algumas de
suas melhores canções, como
"Walk On By" e "Reach Out".
Bacharach ia regendo sua pequena orquestra e mostrando
porque é considerado até hoje um
dos maiores compositores populares do mundo. Será que ainda
existe alguém com coragem de dizer que sua música é pastiche e
não merece ser levada a sério?
Aos poucos, ele foi inserindo algumas poucas canções de "Painted from The Memory", álbum
lançado no ano passado em parceria com Elvis Costello. E aproveitou para lembrar que, apesar
de ter aparecido e cantado nos
dois filmes do espião Austin Powers, sua parceria com o cinema
não vem de hoje. E dá-lhe "Alfie",
"The Look of Love", "What's New
Pussycat?" e, claro, "Raindrops
Keep Falling on My Head", que
fez questão de cantar, com sua
voz fininha e até desafinada.
Mesmo sem a companhia dos
vários intérpretes que fizeram famosas suas composições no
mundo inteiro, Bacharach teve o
apoio competente das vocalistas
Josie James e Donna Taylor, que
se não tinham a candura e a "finesse" de Dionne Warwick e
Dusty Springfield -dificil não
comparar- provaram que seguem à risca as lições do maestro.
O único senão ficou por conta
do vocalista John Vagano. Mesmo com a voz limpa feito cristal,
cada vez que soltava um trinado,
a impressão era que se estava
diante de um daqueles misteriosos cantores que embalam canções dos desenhos dos estúdios
Disney. A falta de cordas também
tirou um pouco da magia.
O curioso -e decepcionante
para alguns- é que Burt tocou
inteiras canções feitas nos anos
80, época em que foi considerado
mais brega do que nunca. Bem,
"Heartlight", "On My Own",
"Theme from Arthur" e "That's
What Friends Are For" podem
até ser cafonas, mas quem é que
estava ligando para isso?
A essa altura, o público já estava
mais do que no clima. No final,
depois de voltar três vezes ao palco, ele avisa: "Vamos cantar essa
juntos e depois vamos para a cama, ok?". Cantamos, batemos
palmas e fomos para casa, felizes.
Avaliação:
Texto Anterior: Televisão: Pokemonmania movimenta US$ 5 bi no mundo todo em 99 Próximo Texto: Evento: Para Cohen, a eugenia está ultrapassada hoje Índice
|