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Daft Punk revive a história da eletrônica
Duo francês e o cantor norte-americano Devendra Banhart se destacam na primeira noite do Tim Festival, no Rio
Maratona de apresentações teve início com longos atrasos; público elogia substituição do MAM pela Marina da Glória
DOS ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Inconvenientes atrasos e a
impecável apresentação retrô-futurista da dupla eletrônica
Daft Punk marcaram o início
da edição 2006 do Tim Festival,
na última sexta, no Rio.
O evento mudou de sede em
relação ao ano passado. Assim,
se antes as tendas eram armadas entre os gramados do
MAM, desta vez foi utilizado
amplo espaço de cimento na
Marina da Glória, com a baía da
Guanabara ao fundo.
"O espaço é bem maior do
que o anterior", falou Carlos
Augusto Sad, 33. "Está melhor
do que no ano passado. Aqui as
pessoas estão mais próximas",
disse Liesel Castro Rosas, 45.
Além de uma inesperada noite fria, o público de 12 mil pessoas da primeira noite do Tim
Festival foi obrigado a encarar
longos atrasos. A brasileira Céu
subiu ao palco Lab não às
22h30, como estava previsto,
mas às 23h50. Os shows desse
espaço foram encerrados às
4h40 com o norte-americano
Devendra Banhart, após apresentação da dupla africana
Amadou & Mariam.
Robôs numa pirâmide
Já o palco principal tinha
apenas o Daft Punk escalado. À
0h05 de ontem, uma hora e cinco minutos após o horário marcado, a dupla francesa iniciou
um passeio pelo passado e presente da música eletrônica,
tendo o futuro como destino.
Um show do Daft Punk não é
um show de uma banda tradicional. Nem o aspecto "ao vivo"
é muito respeitado por Thomas
Bangalter e Guy-Manuel de
Homem-Christo: a maioria das
bases das canções são pré-gravadas, e a interferência da dupla é mínima.
É a opção feita pelo Daft
Punk para ajudar oferecer ao
público uma completa imersão
em seu universo. Todo o espetáculo é montado com o objetivo de ajudar a dupla francesa a
contar sua história: desde o início, com os acordes da música
do filme "Contatos Imediatos
do Terceiro Grau" até o cenário
retrô-futurista composto por
um telão de lâmpadas, armações tubulares geométricas e
uma enorme pirâmide.
Dois robôs no meio de uma
pirâmide. Tocando músicas
que já fazem parte da história
da eletrônica, como "Da Funk",
"Harder Faster Better Stronger" e "One More Time". A última música sintetizava a história: "Human After All".
Já o show de Devendra Banhart tentou resgatar o espírito
hippie dos anos 60. Com uma
banda de rock básico de visual
cabeludo, o cantor colocou uma
flor no cabelo, jogada pela platéia, ao subir ao palco.
Banhart, no entanto, teve
problemas com a guitarra e demorou a iniciar a apresentação.
Simpático, perguntou à platéia
se preferiam que falasse em espanhol ou inglês. "Spanglish",
deduziu, pela resposta do público. Com canções tranquilas
-que ao vivo evidenciam o caráter de típica banda dos anos
70 que oscila entre rock,
country e folk- Banhart vai incluindo convidados.
Convidou, por exemplo, um
voluntário da platéia para apresentar suas próprias músicas. O
escolhido foi um rapaz chamado "Rômulho" (Rômulo), que
ficou sozinho com uma guitarra no palco, cantou e tocou sua
música e não chegou a levar
vaias maiores. Em seguida, outro convidado da banda sobe ao
palco para iniciar uma dança
com trejeitos de Jim Morrison.
Músicas como "Long Haired
Child" e "I Feel Like a Child",
além de versão de "Lost in Paradise", do ídolo Caetano Veloso (que não participou), foram
os momentos mais agitados.
O Tim Festival carioca será
encerrado hoje com Beastie
Boys, DJ Shadow e Caetano Veloso, entre outros.
(BRUNO YUTAKA SAITO, ADRIANA FERREIRA SILVA E THIAGO NEY)
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