São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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Daft Punk revive a história da eletrônica

Duo francês e o cantor norte-americano Devendra Banhart se destacam na primeira noite do Tim Festival, no Rio

Maratona de apresentações teve início com longos atrasos; público elogia substituição do MAM pela Marina da Glória

DOS ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Inconvenientes atrasos e a impecável apresentação retrô-futurista da dupla eletrônica Daft Punk marcaram o início da edição 2006 do Tim Festival, na última sexta, no Rio.
O evento mudou de sede em relação ao ano passado. Assim, se antes as tendas eram armadas entre os gramados do MAM, desta vez foi utilizado amplo espaço de cimento na Marina da Glória, com a baía da Guanabara ao fundo.
"O espaço é bem maior do que o anterior", falou Carlos Augusto Sad, 33. "Está melhor do que no ano passado. Aqui as pessoas estão mais próximas", disse Liesel Castro Rosas, 45.
Além de uma inesperada noite fria, o público de 12 mil pessoas da primeira noite do Tim Festival foi obrigado a encarar longos atrasos. A brasileira Céu subiu ao palco Lab não às 22h30, como estava previsto, mas às 23h50. Os shows desse espaço foram encerrados às 4h40 com o norte-americano Devendra Banhart, após apresentação da dupla africana Amadou & Mariam.

Robôs numa pirâmide
Já o palco principal tinha apenas o Daft Punk escalado. À 0h05 de ontem, uma hora e cinco minutos após o horário marcado, a dupla francesa iniciou um passeio pelo passado e presente da música eletrônica, tendo o futuro como destino.
Um show do Daft Punk não é um show de uma banda tradicional. Nem o aspecto "ao vivo" é muito respeitado por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo: a maioria das bases das canções são pré-gravadas, e a interferência da dupla é mínima.
É a opção feita pelo Daft Punk para ajudar oferecer ao público uma completa imersão em seu universo. Todo o espetáculo é montado com o objetivo de ajudar a dupla francesa a contar sua história: desde o início, com os acordes da música do filme "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" até o cenário retrô-futurista composto por um telão de lâmpadas, armações tubulares geométricas e uma enorme pirâmide.
Dois robôs no meio de uma pirâmide. Tocando músicas que já fazem parte da história da eletrônica, como "Da Funk", "Harder Faster Better Stronger" e "One More Time". A última música sintetizava a história: "Human After All".
Já o show de Devendra Banhart tentou resgatar o espírito hippie dos anos 60. Com uma banda de rock básico de visual cabeludo, o cantor colocou uma flor no cabelo, jogada pela platéia, ao subir ao palco.
Banhart, no entanto, teve problemas com a guitarra e demorou a iniciar a apresentação. Simpático, perguntou à platéia se preferiam que falasse em espanhol ou inglês. "Spanglish", deduziu, pela resposta do público. Com canções tranquilas -que ao vivo evidenciam o caráter de típica banda dos anos 70 que oscila entre rock, country e folk- Banhart vai incluindo convidados.
Convidou, por exemplo, um voluntário da platéia para apresentar suas próprias músicas. O escolhido foi um rapaz chamado "Rômulho" (Rômulo), que ficou sozinho com uma guitarra no palco, cantou e tocou sua música e não chegou a levar vaias maiores. Em seguida, outro convidado da banda sobe ao palco para iniciar uma dança com trejeitos de Jim Morrison.
Músicas como "Long Haired Child" e "I Feel Like a Child", além de versão de "Lost in Paradise", do ídolo Caetano Veloso (que não participou), foram os momentos mais agitados.
O Tim Festival carioca será encerrado hoje com Beastie Boys, DJ Shadow e Caetano Veloso, entre outros.
(BRUNO YUTAKA SAITO, ADRIANA FERREIRA SILVA E THIAGO NEY)

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