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TELEVISÃO
Crítica
"A Regra do Jogo" é painel formidável da hipocrisia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não há exemplo mais incômodo para os defensores da
identidade entre o valor de
mercado (valor de troca) e o valor artístico (valor de uso) de
um filme do que "A Regra do Jogo" (TV5 Monde, 21h30,
classificação não informada).
Seu fracasso, em 1939, foi estrondoso. As coisas não foram
melhor nos relançamentos de
1945 e 1948. Foi preciso esperar
1965 para o mundo começar a
perceber a obra-prima.
Desrespeitosa, sim. Por isso,
a França respeitosa de 1939 resolveu banir o filme de Jean
Renoir. O pós-guerra também
não lhe deu importância.
O importante: o formidável
painel dos usos e dos costumes
em geral hipócritas da alta sociedade francesa e seus eventuais contrastes com o comportamento mais franco das classes inferiores. Num filme em
que não faltam personagens
principais (nove), também não
faltam oportunidades de rir.
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