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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO
Mudo, filme soviético revela cinema ainda sem cânones
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Com os filmes que passa,
bem que o Futura podia ter
uma imagem melhorzinha.
Em todo caso, proporciona
surpresas como "O Homem
com a Câmera" (22h; classificação não informada), um
filme soviético mudo.
Nos anos 1920, ninguém
sabia o que era o cinema. Inventava-se. Pensava-se. Descobria-se o instrumento.
E Dziga Vertov não se propunha a outra coisa. Concebia a câmera como uma espécie de microscópio, capaz de
ver aquilo de que os olhos
eram incapazes.
Mas o que fazia esse material bruto realmente visível
era a articulação entre as cenas, a montagem. Ali as imagens respiram e renascem,
tornam-se efetivamente matéria. Porque Vertov era, claro, um materialista.
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