MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Era para ser um show de Hebe Camargo, a cantora. Gravação do primeiro DVD da artista que entrou na música nos anos 40, em dupla caipira com a irmã (quase uma Sandy & Sandy), gravou LPs nas décadas de 50 e 60, CDs nas de 90 e nestes 2000.
Mas Hebe Camargo, a apresentadora, muito mais segura e carismática do que a canária, acabou com a festa da outra. Ou, ao contrário, salvou a noite de anteontem no Credicard Hall.
Só faltou o sofá. Hebe recebeu os convidados como se estivesse em seu programa do SBT. E eram muitos.
Descem dois lustres de cristal do teto do palco, tipo "O Fantasma da Ópera", e os convidados entram em bando, no número de abertura.
Entre os 19 presentes, estavam Gilberto Gil, Alcione, Ivan Lins, Maria Rita, Zézé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó. Quase todos tão perdidos no roteiro quando a anfitriã. Quem liga?
A marcação, aliás, estava minuciosamente definida.
Correndo em uma tela de computador aos pés da estrela, indicações previam cenas inteiras: "Hebe fala (brincando e suspirando) sobre sexo", "papo engraçado com Bruno & Marrone".
Outras não foram escritas, mas já estão ensaiadas há anos, em sucessivas repetições na TV. Como o beliscão que Hebe dá na bunda do sertanejo Leonardo. Os incontáveis selinhos nos "famosos" da plateia -patrocinadores, quase sempre.
Ou o pranto de Fábio Jr. ao cantar, colando a letra do chão, "Eu Não Existo Sem Você" -o mesmo choro que ele verte em todos os seus próprios shows quando chegam os versos "pai, você foi meu herói, meu bandido".
Hebe, a cantora, trocou todas as letras, esqueceu melodias, entrou fora do tom e do andamento. Um desastre. Já Hebe, a apresentadora, fez um dos programas mais inesquecíveis de sua longa carreira. Gracinha!


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