São Paulo, quinta, 29 de outubro de 1998

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MÚSICA
Compositor, que se diz "preguiçoso', faz show em SP em dezembro
Zeca Pagodinho lança CD e assume lado "Chico Buarque'

PAULO VIEIRA
enviado especial ao Rio

Zeca Pagodinho assumiu de vez seu lado Chico Buarque. Se diz "preguiçoso", "muito vagabundo", "dormindo de tarde para de noite ter sono mais leve", "muito devagar em matéria de compor" e, em casa, não quer "nem ouvir falar em música". Até para dar nome ao disco, novamente "Zeca Pagodinho", valeu a filosofia do menor esforço: "aporrinha menos".
Desde que ultrapassou as zonas nortes de Rio e São Paulo e abrangeu com força a classe média, Zeca virou figurinha fácil em programas de TV, mormente "H" e "Jô Onze e Meia". Mas meio a contragosto. "É uma das coisas que menos gosto de fazer, talvez só menos do que falar com jornalista. Se pudesse colocar meu retrato lá e a música tocando, estava ótimo."
A virada do sambista, expressa nos dois últimos discos, "Deixa Clarear" e "Hoje É Dia de Festa", teve como lua preta o arranjador Rildo Hora -que incluiu viola e oboé no trabalho do compositor- e se fez por meio de hits que as pessoas gostam de cantar antes do intérprete com os braços abertos e olhos marejados.
É o caso de "Verdade" (aquela do "descobri que te amo demais..."). O receituário volta, agora, com "Seu Balancê" e "Pra Você, Menina", candidatas indiscutíveis a novas "Verdade".
Longe do sambanejo milionário ("gosto de velha guarda"), muito próximo de Almir Guineto (duas composições no disco), dando finalmente voz à madrinha Beth Carvalho e vendagem estimada em 500 mil cópias, Zeca também quer distância do Carnaval ("Escola de samba é uma merda, tu fica bêbado, a escola perde ponto, nego quer te bater").
O verão ele guarda para o lançamento do disco -e provavelmente seu estouro-, com shows no Canecão (Rio), novembro, e Tom Brasil (São Paulo), dezembro.
Mas tudo dentro do figurino de quem preferiu viver de "chinelo de dedo" em um sítio afastado em Xerém (Duque de Caxias, Baixada Fluminense) a morar num condomínio da Barra com armários abarrotados de ternos.
"Não tenho grandes pretensões de ficar rico. Não gosto de jet-ski, lancha. Se fosse para trabalhar de segunda a sexta, melhor era ser peão, trabalhar no metrô."
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O jornalista Paulo Vieira viajou ao Rio a convite da PolyGram


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