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MÚSICA
Compositor, que se diz "preguiçoso', faz show em SP em dezembro
Zeca Pagodinho lança CD e assume lado "Chico Buarque'
PAULO VIEIRA
enviado especial ao Rio
Zeca Pagodinho assumiu de vez
seu lado Chico Buarque. Se diz
"preguiçoso", "muito vagabundo", "dormindo de tarde para de
noite ter sono mais leve", "muito
devagar em matéria de compor" e,
em casa, não quer "nem ouvir falar
em música". Até para dar nome ao
disco, novamente "Zeca Pagodinho", valeu a filosofia do menor
esforço: "aporrinha menos".
Desde que ultrapassou as zonas
nortes de Rio e São Paulo e abrangeu com força a classe média, Zeca
virou figurinha fácil em programas de TV, mormente "H" e "Jô
Onze e Meia". Mas meio a contragosto. "É uma das coisas que menos gosto de fazer, talvez só menos
do que falar com jornalista. Se pudesse colocar meu retrato lá e a
música tocando, estava ótimo."
A virada do sambista, expressa
nos dois últimos discos, "Deixa
Clarear" e "Hoje É Dia de Festa",
teve como lua preta o arranjador
Rildo Hora -que incluiu viola e
oboé no trabalho do compositor-
e se fez por meio de hits que as pessoas gostam de cantar antes do intérprete com os braços abertos e
olhos marejados.
É o caso de "Verdade" (aquela do
"descobri que te amo demais...").
O receituário volta, agora, com
"Seu Balancê" e "Pra Você, Menina", candidatas indiscutíveis a novas "Verdade".
Longe do sambanejo milionário
("gosto de velha guarda"), muito
próximo de Almir Guineto (duas
composições no disco), dando finalmente voz à madrinha Beth
Carvalho e vendagem estimada em
500 mil cópias, Zeca também quer
distância do Carnaval ("Escola de
samba é uma merda, tu fica bêbado, a escola perde ponto, nego
quer te bater").
O verão ele guarda para o lançamento do disco -e provavelmente seu estouro-, com shows no
Canecão (Rio), novembro, e Tom
Brasil (São Paulo), dezembro.
Mas tudo dentro do figurino de
quem preferiu viver de "chinelo de
dedo" em um sítio afastado em Xerém (Duque de Caxias, Baixada
Fluminense) a morar num condomínio da Barra com armários
abarrotados de ternos.
"Não tenho grandes pretensões
de ficar rico. Não gosto de jet-ski,
lancha. Se fosse para trabalhar de
segunda a sexta, melhor era ser
peão, trabalhar no metrô."
²
O jornalista
Paulo Vieira viajou ao Rio a convite
da PolyGram
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