DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO

A maior pintura em tela linear do Brasil começa a nascer em Olinda. Com 400 metros de extensão, ela vai receber pinceladas de milhares de mãos, entre artistas e turistas.
O "parto" começou na última quinta-feira, abertura da quarta edição do projeto Olinda - Arte em Toda Parte, que mobiliza o sítio histórico da antiga capital de Pernambuco. O evento é uma exposição coletiva que une a cidade e sua população à produção artística, ao mercado de quadros e esculturas, ao turismo, à gastronomia e moda.
São 253 artistas plásticos, em mais de 40 ateliês abertos ao público para visitação e interação.
O diferencial dos dez dias de evento é a criação de um itinerário organizado para o visitante, que pode ter acesso aos ateliês, ver o artista trabalhando, conversar com ele e comprar alguma obra.
"O visitante pode sentir o clima do trabalho, o universo da criação e participar. Isso é até mais interessante que a própria arte", diz o coordenador-geral do evento, João de Arruda Falcão.
Entre os 253 expositores deste ano -apenas 155 foram incluídos no catálogo- estão artistas como a aquarelista Guita Charifker, o xilogravurista Gilvan Samico e os pintores João Câmara e Teresa Costa Rêgo.
Segundo Falcão, não existe uma curadoria ou seleção dos participantes. "Nosso único critério é que sejam artistas de obra significativa e que façam um trabalho permanente, que sejam profissionais, independentemente da qualidade da arte produzida."
A idéia de reunir a cidade inteira acaba por ampliar o projeto além da arte tradicional. Neste ano, há a participação de artistas populares, ateliês de moda, pousadas e restaurantes.
Além da organização geral, que reúne 95 exposições, iniciativas paralelas marcam nesta edição a entrada do projeto na agenda do Estado, causando impacto na revitalização da cidade.
Depois do trabalho nos três últimos anos, foi criada a Sapo (Sociedade dos Artistas Plásticos de Olinda), que tenta manter a proposta do Arte em Toda Parte durante o ano inteiro, com um roteiro permanente pelos ateliês da cidade, e que já reúne 42 artistas.
Financeiramente, o projeto -que é bancado pelo governo, juntamente com parcerias privadas- rende para vendedor e comprador.
"A ausência de um intermediário na negociação faz com que os preços sejam até 40% mais baixos que em galerias especializadas", diz Falcão. Para os artistas, vale pela divulgação. No último ano, foram mais de 20 mil visitantes durante os dez dias.