São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

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Livro vê força da contracultura nos filmes dos EUA

Sai no Brasil obra que investiga como Coppola, Scorsese e outros criaram longas na contramão da Velha Hollywood

"Easy Riders, Raging Bulls", do jornalista americano Peter Biskind, é de 1998, mas só agora ganha tradução para o português

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

É ilustrativa a história de Norman Taurog, que, quase cego, dirigiu "Canções e Confusões" (1967), com Elvis Presley. Nos anos 60, diretores de cinema mal davam palpites na rede de egos e produções de Hollywood. Só seguiam fórmulas.
Até surgir a geração que subverteu as regras da indústria cinematográfica dos EUA. Ainda em 1967, houve um sinal de mudança -quando, em "Bonnie e Clyde", o casal central encontrou a morte numa rajada de tiros em vez do final feliz.
Warren Beatty, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese são alguns dos protagonistas da reviravolta descrita em "Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n" Roll Salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls", de Peter Biskind. A obra seminal sobre a influência da contracultura nos filmes americanos é de 1998, mas só agora sai no Brasil.
Os filmes citados no título -"Easy Rider" é o nome original de "Sem Destino" (1969), de Dennis Hopper; "Raging Bull" é "Touro Indomável" (1980), de Scorsese- representam, para Biskind, o começo e o fim da chamada Nova Hollywood.
"Antes, mesmo bons diretores como John Ford cumpriam o papel esperado pelos estúdios, de entreter. "Sem Destino" marca o momento em que se passou a buscar o estilo pessoal, artístico", diz o autor à Folha.
Os estúdios estavam cada vez mais desconectados do público jovem. Filmes como "My Fair Lady" (1964) e "A Noviça Rebelde" (1965) faziam sucesso, mas geravam imitações caras e fracas nas bilheterias. Com isso, a indústria perdeu dinheiro e abriu espaço para grupos dispostos a correr riscos com filmes de baixo orçamento. "Sem Destino" custou US$ 500 mil e rendeu quase US$ 20 milhões.
A ele se seguiram longas como "O Poderoso Chefão" (1972), de Coppola, e "O Exorcista" (1973), de William Friedkin. Antes da metade da década, obras marcadas pela contracultura já eram "mainstream" -com direito a intrigas de ego (leia ao lado).
Mas, quando "Touro Indomável" estreou, a regra tinha voltado a ser exceção. Elogiado pela crítica, o longa fracassou na bilheteria -efeito do caminho aberto por Steven Spielberg, com "Tubarão" (1975), e George Lucas, com "Star Wars" (1977). A novíssima Hollywood, calcada nos blockbusters, parecia um velho filme.


COMO A GERAÇÃO SEXO, DROGAS E ROCK'N" ROLL...

Autor: Peter Biskind
Tradução: Ana Maria Bahiana
Editora: Intrínseca
Quanto: R$ 44,90 (502 págs.)



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