São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2000

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Cantor quer concorrer ao Oscar embalado em trilha criada para desenho da Disney

A nova onda de Sting




Desenho animado "A Nova Onda do Imperador" estréia hoje nas salas de cinema brasileiras com 250 cópias


Divulgação
O imperardor Kuzco e o súdito Pacha no desenho animado "A Nova Onda do Imperador", da Disney, dirigido por Mark Dindal, que estréia hoje com 250 cópias




MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Sting nunca entendeu por que não era chamado para compor as canções de um desenho da Disney. "Como todo mundo, assisto aos desenhos da Disney desde pequeno", contou em entrevista à Folha, "e não entendia por que diabos não me chamavam para fazer a trilha de um deles".
"Eu tenho seis filhos e fazer as músicas para um desenho aumentaria muito minha popularidade em casa", brincou.
Seus desejos foram atendidos em 96, quando a Disney pediu para ele compor a trilha de um musical animado que deveria se chamar "The Kingdom of the Sun".
Mas o desenho acabou sendo profundamente alterado, deixou de ser um musical, perdeu a característica de clássico da Disney e se transformou em "A Nova Onda do Imperador".
"Já havia composto e gravado seis músicas para "The Kingdom", e todas elas ficaram sem lugar no novo desenho", disse Sting.
A Disney pediu para que o cantor compusesse mais duas canções para o novo filme, e ele aceitou. No final, as músicas compostas para o desenho original também fizeram parte da trilha.
"É complicado compor para desenhos animados, porque o processo tem início muito antes de o filme começar a ser produzido. É um trabalho de adivinhação", disse. "Eles passam um resumo, eu componho com base nele, mando as músicas para que eles aprovem e, muitas vezes, são reprovadas ou alguém pede alterações."
Sting diz que o trabalho foi penoso, mas muito gratificante. "Daqui a 30 anos, as crianças ainda ouvirão minhas músicas por causa do filme."
Ex-integrante do grupo The Police, ele garante ainda buscar inspiração em ritmos brasileiros. "Qualquer compositor de nível não pode desprezar os ritmos brasileiros. Villa-Lobos, Caetano, Gil, Jobim... É uma obrigação conhecer a obra desses artistas."
Sting, que virá ao Brasil para o Rock in Rio, em janeiro, disse que não pode negar que quanto mais velho fica, mais difícil se torna ser criativo. "Quando você é jovem, faminto e pobre, a criatividade parece estar por todos os lados."
"Quando tinha 20 e poucos anos, sabia quase nada de música, mas estava convencido de que estava certo. Agora, que sou um cara experiente, fiquei mais obscuro, mais ansioso com tudo."
E não esconde que uma indicação para o Oscar seria a agradável recompensa pelo esforço. "Phil Collins é um grande amigo. Fiquei feliz por ele ter ganhado o dele", disse o cantor. "Não seria mal se eu também tivesse o meu."


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