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RÁDIO E TV
Mais de 300 processos não entram em votação porque emissoras não enviaram à Câmara documentação exigida
Renovações de concessão encalham
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
No momento em que o governo
abre licitações para a concessão de
emissoras de rádio e TV, o processo de renovação das outorgas já
distribuídas continua com os mesmos problemas e vícios da década
passada.
Centenas de emissoras operam
hoje com concessões vencidas há
anos -amparadas pela lei- porque os processos de renovação estão represados no Ministério das
Comunicações ou no Congresso.
Parte dessas emissoras tem dívidas com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e algumas
não recolhem o FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço) e
outros impostos.
O Congresso, que segundo a
Constituição deve avaliar e deliberar sobre a renovação da concessão, tem mero papel burocrático
no sistema e não consegue escoar
com rapidez os processos que lá
chegam.
²
400 pedidos
Na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática
da Câmara, há 400 pedidos de renovação de concessões pendentes.
Desse total, segundo levantamento da própria comissão, 320
processos não podem entrar na
pauta de votação porque as emissoras não enviaram aos deputados
a documentação exigida. A Comissão de Educação do Senado sofre
do mesmo problema.
"O trâmite das renovações no
parlamento é escritural. De alguma maneira, o Congresso precisa
avaliar e interferir na qualidade da
programação", diz o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE).
No Senado, Arthur da Távola
(PSDB-RJ) deu parecer contrário à
renovação da outorga do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), alegando o "baixo nível" do "Programa do Ratinho". O relatório não
será votado neste ano.
"Apresentei proposta para que
se suspendam as renovações de
concessões no Congresso, até que
as emissoras de TV apresentem
código sério de auto-regulamentação", conta o senador Alcântara.
As TVs negociam com o secretário nacional de Direitos Humanos,
José Gregori, a implantação de um
"manual de qualidade" da programação, mas até agora não há resultados concretos.
²
"Carimbo"
"Não me lembro de emissora cuja renovação tenha sido negada.
Funcionamos como um carimbo,
não temos como avaliar e fiscalizar
nada", afirma o deputado Walter
Pinheiro (PT-BA).
Ele considera "absurdo" as emissoras não receberem punição por
não enviar ao Congresso os documentos necessários para a renovação da concessão.
"Temos de estabelecer critérios
para renovar as outorgas. A instalação do Conselho de Comunicação Social (órgão auxiliar do Congresso e previsto na Constituição)
é importante para melhorar o trabalho", diz Pinheiro.
Para resolver o problema, o deputado Arolde de Andrade (PFL-BA) pensou em saída oposta. Ele
apresentou neste ano proposta de
emenda constitucional que acaba
com a função do Congresso de
avaliar as renovações.
"O papel do Congresso nesse
processo tem sido passivo, de mera homologação dos atos de outorga encaminhados pelo Poder Executivo", diz Andrade na justificativa do projeto.
"A atuação tem se limitado à
conferência da documentação e ao
cumprimento de rito burocrático
que ocupa grande parte da pauta
de discussões da Comissão de
Ciência, Tecnologia, Comunicação
e Informática, inibindo a discussão de temas relevantes", diz ele,
atual presidente da comissão.
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