São Paulo, quinta, 30 de janeiro de 1997.

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CRÍTICA
Ricky Martin cai no samba no Olympia


MARCELO RUBENS PAIVA
especial para a Folha

Ricky Martin, 24, três discos lançados, mais de 2 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, ator da minissérie ``General Hospital'' da TV norte-americana e futuro ator da Broadway no musical ``Le Miserables'', estoura no Brasil.
Seu último disco, ``A Medio Vivir'', vendeu 200 mil cópias. A música ``Maria'', da abertura da novela ``Salsa e Merengue'', é o hit do verão.
O moço é bonito pra daná! Dança como Elvis e Travolta. Canta direitinho, é chique -veste-se como um galã com roupas de Giorgio Armani e Jean Paul Gaultier. No seu último show, no Olympia, mudou de roupa cinco vezes. O broto faz do palco sua passarela. É simpático, fala em português ``e aí, cara, como é que é?''
Que cara?! 98% eram de meninas. 97% delas apaixonadas por Ricky. 96% delas largariam tudo para viver em Porto Rico com ele.
95% delas eram crianças quando o mesmo Ricky dava seus primeiros passinhos e gritinhos com os Menudos -por sinal, era o mais baixinho e sem graça deles.
``Un, dos, tres, un pasito pa'delante, Maria, um, dos, tres, un pasito pa'atras...''
A frase lembra a de Lenin, sim, aquele revolucionário russo (``recuar um passo para avançar dois''). No mundo globalizado, que Lenin que o quê?!
Ricky Martin, o latin lover, o irresistível, num Brasil que, há décadas, está ``acostumbrado'' com a ingerência do castelhano na voz de vários ídolos -Julio Iglesias é um, ``como no''!?
Mas Lenin, sim. Duas bandeiras, uma delas vermelha, serviam de adereços para a banda, que entrou marchando como se partisse para a guerra. Ao abrir o show, a palavra em evidência era ``revolución''. Uepa?!
Que Lenin que nada! ``Voy a disparar a tu soledad, salvar tu corazón, es una revolución...'' É da música ``Revolución'', de seu CD. É sobre o amor. Ah, bom.
No meio do show, Ricky reclama que o mundo está cada vez pior e que precisamos fazer algo. Não é lindo? De óculos escuros e um bronze do Caribe, avisa: ``Vou deixar meu corpo e minha alma no palco, tá legal?''
``Só queremos o corpo!!!'', gritam as mais assanhadas. Seu show é uma catarse feminina. A platéia grita, chora e dança. Quando o moço vira de costas e rebola o traseiro, um terremoto.
Ricky termina o show com a bateria e mulatas da Rosas de Ouro, tradicional escola de samba paulistana. Ensaiou passos de samba, tocou tamborim, desejou a todos bom Carnaval e se foi ``a medio vivir'' (de bem com a vida).
Segundo sua assessoria, as mais apaixonadas podem vê-lo desfilar na Portela, no Carnaval do Rio deste ano. Vai arrebentar!

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