FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Idéia Coletiva", a mostra que a galeria Camargo Vilaça abre hoje, apresenta uma proposta original: as obras são menos importantes que o conceito.
Não que os trabalhos dos 19 artistas não tenham qualidade, mas a idéia de Márcia Fortes e Ricardo Sardenberg, os curadores da exposição, é integrar o trabalho das galerias de arte no Brasil.
"Em geral, trabalhamos isolados, mas todos sobre o mesmo fenômeno. Por isso é importante reforçar o circuito das galerias, e essa é nossa intenção, criar um clima de colaboração", diz Márcia. Nem todos os convidados entenderam o espírito, alguns se recusaram a participar.
De fato, a integração não é das principais características das galerias brasileiras. No exterior, essa idéia já ocorre na prática há muito tempo. Em Berlim, na Alemanha, por exemplo, dois sábados por ano, no início do outono e da primavera, todas as galerias da cidade ficam abertas até as 22h, a maioria inaugurando suas exposições nesses dias, o que se torna um programa obrigatório para quem gosta de arte. Uma forma inteligente e simples de dinamizar o circuito.
"A visibilidade da "young british art" surgiu da ação conjunta de galerias. Os galeristas brasileiros precisam saber usar esse tipo de estratégia", afirma Márcia.
Participam de "Idéia Coletiva" oito galerias, que não se restringem apenas à cidade de São Paulo. O Rio estará representado, por exemplo, pelo fotógrafo Marcos Chaves, da galeria Laura Marciaj Arte Contemporânea.
"Não buscamos representar o melhor das galerias, mas é um comentário sobre o meio", diz Sardenberg. Entre os artistas selecionados, estão Valdirley Dias e Edgar de Souza (da galeria Luisa Strina), José Bento e Rodrigo Andrade (da Marília Razuk), Adriana Tabalipa (da Valú Ória) e Mauro Piva e Iran do Espirito Santo (da Camargo Vilaça).
"Também buscamos organizar algo despretensioso, é uma exposição de verão, na abertura vai ter só cerveja", conta Márcia.