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"Senhor" questiona ética nas relações
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois homens apaixonados pela
mesma mulher. Um deles a conquista, o outro sucumbe. Você já
viu-ouviu essa história, mas ela
ganha novos desdobramentos em
"Senhor das Flores".
A peça de Vinicius Márquez,
dramaturgo do Rio, é dirigida por
Marco Ricca ("Shopping and
Fucking", 99) e faz estréia nacional hoje no teatro Cultura Inglesa,
em São Paulo.
É o próprio Ricca, 40, quem vislumbra as perspectivas éticas e
poéticas nos laços de amor e amizade vividas pela bela Júlia, oculta
na cena, e por aqueles que a
amam, Oto (Elias Andreato), um
professor universitário quarentão, e Julian (Caco Ciocler), um
jovem yuppie.
"A primeira coisa que me tocou
no texto foi a discussão ética das
relações pessoais, a forma como
lida com duas gerações, duas formas de pensar o mundo, que se
encontram por causa do mesmo
objeto de interesse, no caso Júlia,
que vai gerar a perda em um e o
roubar no outro", diz Ricca.
O que em princípio se anuncia
com a inconformidade do personagem Oto diante do abandono, a
violência extravasada contra o
"inimigo", o outro, porém jamais
levada à cabo, muda completamente de eixo quando, seis anos
depois, os dois choram a mesma
morte.
Estética
As discussões são lançadas na
forma de um espiral, no qual os
personagens transitam por máscaras e tempos variados, inclusive
com apoio de uma fábula que justifica o título. É aí que entra a estética, segundo o diretor. Há o recurso da metalinguagem.
Na primeira parte da peça, os
dois homens se encontram num
teatro. Oto se traveste para acossar Julian.
Ricca diz que precisava de atores com potência para conduzir o
jogo do espetáculo, a "vertigem a
que chegam em suas perturbações", até a transformação de ambos ao final.
Esse "respiro de humanidade"
na dramaturgia de Márquez, que
"enxerga luz no final do túnel",
continua Ricca, configura também uma ode à mulher. "É a partitura emocional de dois indivíduos contando a mesma história
de dor e crescimento pessoal",
afirma o diretor.
O exercício da conquista de
confiança pelos personagens funcionou também para os intérpretes, concordam Andreato, 47, que
completa 25 anos de carreira, e
Ciocler, 31, indicado o Prêmio
Shell de melhor ator, no Rio, pela
montagem "Os Sete Afluentes do
Rio Ota".
"O teatro é um material imponderável, a gente nunca sabe o que
vai acontecer", afirma Andreato,
sobre o resultado do trabalho. "É
como a paixão que move os personagens e as pessoas na vida
real."
(VS)
SENHOR DAS FLORES. De: Vinicius
Márquez. Direção: Marco Ricca. Com:
Elias Andreato e Caco Ciocler. Onde:
teatro Cultura Inglesa (r. Deputado
Lacerda Franco, 333, Pinheiros, SP, tel.
0/xx/11/ 3039-0553. Quando: estréia
hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às
20h. Quanto: R$ 25 e R$ 30 (sáb.).
Patrocinadores: BrasilTelecom e
Petrobras.
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