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CRÍTICA
Valor de "Show" é a "troca"
CRÍTICO DA FOLHA
"Um Show de Verão" diz a
que veio logo na primeira cena: à beira da piscina, duas personagens fazem um indiscreto merchandising de uma operadora de
celular. O que se segue é um misto
de comédia romântica e programa de TV juvenil (com infindável
promoção de bandas musicais).
Mistura dosada segundo a fórmula ditada, no material de divulgação do filme, pelo produtor Diler Trindade: romance para as
moças, música e transgressão
(leia-se: sexo) para os rapazes.
O enredo remonta a um clássico
do cinema ("Cidadão Kane"): um
empresário que pretende transformar a namorada suburbana
em cantora e celebridade. Contrata, então, um publicitário que sonha se afirmar como produtor
musical para a missão.
À fórmula do produtor Trindade, o diretor Moacyr Góes pretende somar, ainda segundo o material de divulgação do filme,
"idéias legais para a juventude".
Ele nos fala em ética e valores.
Fiquemos apenas nos valores: o
único que move "Um Show de
Verão" é o tal "valor de troca". O
consumo é o início, o meio e o fim
do filme, que é uma versão de
"Cinderela" (estilo "Uma Linda
Mulher") em que o cartão de crédito substitui a varinha mágica. A
personagem de Angélica cumpre
seu rito de passagem ao se vingar
da vendedora de uma loja por
quem fora esnobada.
Em meio ao mais explícito darwinismo social, surge, como uma
exceção, um sentimento verdadeiro (talvez a idéia legal a que se
referia Góes), tratado, no entanto,
como mais uma tolice para se
vender aos jovens, especialmente
os que, por incentivo ou complacência dos pais, passam a adolescência confinados em shoppings,
refugiados da realidade.
(TIAGO MATA MACHADO)
Um Show de Verão
Produção: Brasil, 2004
Direção: Moacyr Góes
Com: Angélica e Luciano Huck
Quando: a partir de hoje, nos cines
Jardim Sul, Metrô Santa Cruz e circuito
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