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SOY CUBA
ARTES PLÁSTICAS
Com abertura hoje, exposição percorre as manifestações nacionais da ilha; identidade é tema recorrente
Mostra reúne produção cubana do século 20
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Num momento em que dois filmes sobre Cuba -"Soy Cuba - O
Mamute Siberiano" e "Suíte Havana"- preenchem a programação das telas e que a música cubana firmou-se como sinônimo de
excelência após o estouro do Buena Vista Social Club, a inauguração de uma exposição vem trazer
à tona outro aspecto da produção
cultural da ilha: as artes plásticas.
Com abertura hoje no Centro
Cultural Banco do Brasil de São
Paulo, a mostra "A Arte de Cuba"
ocupa quatro andares do prédio
com um panorama bem pinçado
da arte do país ao longo século 20
-das vanguardas do modernismo à produção contemporânea.
O conjunto reúne 117 obras de
61 artistas, vindas principalmente
do acervo do Museu Nacional de
Bellas Artes de Cuba e de coleções
particulares. A divisão destas pelas salas e andares do CCBB obedece a um padrão basicamente
cronológico, fazendo da exposição um trajeto pelos movimentos
que marcaram a história artística
da ilha ao longo do período.
"Pensei em agrupar as obras
usando outros critérios que não o
cronológico, mas como sinto que
as pessoas têm referências muito
espaçadas sobre a arte cubana,
acho que esse "didatismo" faz sentido. Então, quando o público vê
as obras contemporâneas, fica sabendo que aquilo não surgiu do
nada e de uma hora para outra, vê
que têm antecedentes", explica a
curadora cubana Ania Rodríguez.
Os chamados antecedentes referem-se, antes de mais nada, aos
modernistas cubanos. Assim, as
salas do terceiro andar contemplam a produção que parte da
"Exposicíon de Arte Nuevo",
ocorrida em Havana em 1927.
Nomes como Victor Manuel e
Eduardo Abela estão ali representados, e certas obras chamam a
atenção pela similaridade -estética e temática- com o modernismo brasileiro. Assim, a vida
dos camponeses e trabalhadores
surge com força, por exemplo,
nas telas de Marcelo Pogolotti
("Fuerza de Trabajo" e "Obreros y
Campesinos").
A influência do surrealismo
aparece com força na obra de
Wilfedro Lam, artista cubano de
maior reconhecimento internacional. Logo na entrada do segundo andar, uma sala dedicada exclusivamente ao pintor reflete o
contato deste com André Breton e
o movimento nos anos 40. Também no segundo piso, uma sala
contempla a abstração que marcava a produção dos anos 50.
E veio a revolução
É impossível não ver espelhado
na arte o acontecimento que marcou o país a partir de 1959. A sala
dedicada aos anos 60 e 70 mostra
a temática refletida com força em
quadros de Antonia Eiriz ("Los
Caídos", de 1965) e Raúl Martínez
("Martí e la Estrella", de 1966, é
uma interessante leitura cubana
para a pop art). "Diferentemente
do que aconteceu, por exemplo,
na União Soviética, a Revolução
em Cuba trouxe uma diversificação de linguagem muito grande",
diz a curadora.
Mas tão interessante quanto este período é, talvez, o conjunto
reunido por Ania para representar a produção contemporânea.
Devidamente instaladas no subsolo, as obras feitas a partir dos
anos 80 primam pelo resgate da
iconografia da revolução, porém
dessacralizada, transformada em
memória.
Com bom humor, Douglas Pérez retrata um jogo de baseball entre Cuba e os EUA; Flavio Garcia
transforma a foice e o martelo em
personagens de fábula tropical e
Fernando Rodríguez constrói um
altar que mistura santos padroeiros de Cuba a comandantes revolucionários.
O saguão recebe uma granada
de madeira assinada pelo grupo
Los Carpinteros, dupla que vem
encantando galeristas ao redor do
mundo. "Cuba não tem um mercado interno de arte, mas a rota
dos colecionadores e curadores
está passando pela ilha, há um interesse crescente."
Além da exposição, shows de
música cubana -basicamente
jazz- acontecerão no CCBB nos
dias 7, 14 e 21 de fevereiro.
Arte de Cuba
Quando: abertura hoje (para
convidados); de ter. a dom., das 10h às
21h; até 23/4
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 112, centro, SP,
tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quanto: entrada franca
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