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Diretor do MinC nega censura e defende política de museus
Em resposta à entrevista com Paulo Herkenhoff publicada ontem, José Nascimento Junior diz que o ministério ajuda o Masp; Ivo Mesquita defende vazio
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor do Departamento
de Museus e Centros Culturais
do Iphan, órgão do Ministério
da Cultura (MinC), José Nascimento Junior, rebateu ontem
as críticas do curador e crítico
Paulo Herkenhoff, que, em entrevista publicada ontem na
Folha, disse que "o MinC não
está aparelhado tecnicamente
para melhorar o Masp".
"O MinC já ajuda o Masp,
tendo autorizado na Lei Rouanet uma captação de R$ 8,1 milhões para o museu", afirma
Nascimento Junior.
O diretor do MinC também
fez ressalvas a outras críticas
que Herkenhoff fez ao setor,
como uma suposta censura a
uma mostra do artista gaúcho
Xico Stockinger que ocorreria
no Museu Nacional de Belas
Artes (MNBA), no Rio. O curador também disse que a origem
de Nascimento é "stalinista".
"Não me lembro de nenhum
caso de censura no Museu Nacional de Belas Artes, nenhum
veto a qualquer artista. Não há
nenhum documento que relate
tal censura. Mas o que há sempre são cuidados na análise dos
projetos, mesmo que sejam
com dinheiro incentivado. E
minha origem não é stalinista."
Nascimento Junior defende
a atual gestão do MinC. "Há
uma ampla aprovação pública
dessa política de museus pelo
ministro Gilberto Gil, pelo presidente Lula e por organismos
internacionais. A política nacional de museus é vitoriosa."
Sobre o grampeamento de e-mails no Museu Imperial, citado por Herkenhoff e divulgado
pela Folha na coluna de Elio
Gaspari em março passado, o
diretor do MinC diz que há
uma investigação em curso fora da esfera do ministério. "O
caso está sendo investigado pela CGU [Controladoria Geral
da União], pela PF [Polícia Federal] e pelo Ministério Público Federal. Se ele sabe de alguma coisa, tem de denunciar a
alguns desses órgãos."
"Herkenhoff é um grande curador, deveria estar preocupado só com artes, não mais com
questões administrativas", avalia Nascimento Junior.
Bienal
Herkenhoff também disse na
entrevista publicada ontem
que a "Bienal precisa, de fato, se
pensar", em referência ao andar que o curador Ivo Mesquita
pretende deixar vago na próxima edição da mostra como um
espaço para a reflexão. "Mas é
uma solução de economia de
tempo", disse Herkenhoff.
Procurado ontem pela reportagem, Mesquita disse que estaria ocupado o dia todo e que
não poderia se manifestar até o
fechamento desta edição.
Mas após um debate sobre a
Bienal organizado semana passada pela Associação Brasileira
de Críticos de Arte no MuBE,
Mesquita disse à Folha que sua
idéia de deixar um andar vazio
não se trata de uma tentativa
de tapar um buraco e que sempre esteve em seus planos.
"As bienais hoje são todas
iguais. A Bienal reúne 120 artistas, mas são só 120 artistas.
Como se organizam esses 120?
Quando você tem um tema, você pode fazer com 120, com
30", disse Mesquita.
Segundo seu projeto, a mostra orçada em R$ 9 milhões terá um piso dedicado ao arquivo
histórico da Bienal e um andar
vazio, enquanto o térreo deverá receber performances, vídeos e festas. "Talvez não tenha
pintura na parede, mas tem artistas produzindo trabalho. Já
chegaram quatro deles. A idéia
é apresentar todos os projetos
até depois do Carnaval", disse
Mesquita na semana passada.
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