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"Em Busca do Tempo Perdido", originalmente dividida em sete volumes, ganha edição completa em três tomos
Principal obra de Marcel Proust é relançada no Brasil
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A "busca" continua, agora remodelada. A grande catedral literária francesa, "Em Busca do
Tempo Perdido", está de cara nova nas livrarias brasileiras.
Originalmente dividida em sete
volumes, a obra-prima que Marcel Proust escreveu entre 1907 e
1922, ano de sua morte, ganha
uma nova edição no Brasil, desta
vez em três tomos.
O conteúdo muda pouco. O
projeto traz a mesma tradução
que a Ediouro havia lançado em
1992, a cargo do poeta carioca Fernando Py, que apenas revisou seu
próprio trabalho, agora embalado
em uma caixa de papelão roxa
com o dizer "Em Busca do Tempo
Perdido - Obra Completa".
A empreitada vale registro ainda assim. Antes desse lançamento, há dez anos, o mercado brasileiro só tinha uma versão nacional
de "À la Recherche du Temps Perdu", nome original da obra.
A primeira, publicada no início
dos anos 50 pela antiga editora
Globo (antes sediada em Porto
Alegre), havia sido feita em dez
mãos (e que mãos!).
O poeta Mario Quintana traduzira "No Caminho de Swan", "À
Sombra das Raparigas em Flor",
"O Caminho de Guermantes" e
"Sodoma e Gomorra", para só então passar a bola.
O quinto volume, "A Prisioneira", ficou a cargo de Manuel Bandeira em parceria com Lourdes
Sousa de Alencar.
Carlos Drummond de Andrade,
com "A Fugitiva", e Lúcia Miguel
Pereira, com "O Tempo Redescoberto", completaram a empreitada da primeira versão nacional.
Desde então, mesmo 15 anos
depois que os direitos autorais da
obra caíram em domínio público,
a única tradução foi a de Py, o único até aqui a fazer o trabalho todo.
Se a primeira tradução ganha
em prestígio (e no estofo literário
dos tradutores, que vez ou outra
vem à tona), o trabalho do poeta
carioca, que já traduziu mais de
30 livros -incluindo o inacabado
romance proustiano "Jean Santeuil" e a grande biografia do autor, de Georges Painter- tem algumas vantagens.
Proust morreu antes de concluir
a publicação da obra, e não chegou a fazer a revisão final nem dos
livros que editou em vida.
A primeira edição crítica saiu na
França em 1954. Py usou a que, na
época em que traduziu pela primeira vez a "Recherche", era considerada a versão definitiva, a feita
em 1987 pela Gallimard.
As mudanças promovidas pelo
tradutor da Ediouro são visíveis já
nos títulos. Como anotou o articulista da Folha Arthur Nestrovski, em texto sobre a primeira edição de Py, de 1992, foi feliz "a decisão de abandonar a lusitana
"Sombra das Raparigas" pela sombra mais brasileira das "Moças em
Flor'" -em referência ao novo
nome do segundo volume: "À
Sombra das Moças em Flor".
"O Tempo Redescoberto", outro exemplo, virou "O Tempo Recuperado". Os sete volumes foram distribuídos no modelo 3-2-3. Os três primeiros livros no volume 1, os dois seguintes no 2 e assim por diante.
Ensaísmo sobre Proust
Além do lançamento da Ediouro, o proustianismo brasileiro
também tem novidade na área
ensaística. A coleção Ensaios
Transversais, da editora Escrituras, lançou recentemente o livro
"O Desconcerto do Mundo", de
Carlos Felipe Moisés.
No trabalho, o ensaísta, poeta e
tradutor faz, em um dos 16 ensaios do livro, uma reflexão crítica
sobre o livro de estréia de Proust,
"Les Plaisirs et les Jours" (Os Prazeres e os Dias), que o escritor lançou em 1896, aos 25 anos, e que
até hoje não ganhou tradução no
Brasil. É aguardar.
EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO.
De:
Marcel Proust. Tradução: Fernando Py.
Editora: Ediouro. Quanto: R$ 149 (caixa
com os três volumes, totalizando 2.444
páginas).
O DESCONCERTO DO MUNDO.
De:
Carlos Felipe Moisés. Editora: Escrituras.
Quanto: R$ 13 (352 págs.).
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