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URBANISMO
Nos próximos dois dias, em palestras em SP, artistas plásticos e arquitetos debatem as ligações entre os dois meios
Bienal investiga a relação entre arte e arquitetura
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu livro "Como Viver Junto", o pensador francês Roland
Barthes observa como os espaços
cotidianos permitem, ou não, a
coabitação. Apropriando-se do título desse livro, a 27ª Bienal de
São Paulo, com exposição programada para outubro, tem como
um de seus eixos a discussão da
arquitetura, tema que será tratado, nos próximos dois dias, no segundo seminário preparatório ao
evento.
"A arquitetura é a instrumentalização e a formalização, por excelência, dos meios construídos para a vida. Vivemos constantemente e cotidianamente através da arquitetura, atravessando-a, ou sendo barrados por ela: na casa, na
escola, no hospital, no shopping
center, no aeroporto, na prisão,
na cidade", afirma o curador
Adriano Pedroso, responsável pela programação do seminário,
que não tem mais inscrições abertas, mas será transmitido pelo site
www.bienalsaopaulo.org.br.
Nesses próximos dois dias, no
prédio-sede da Fundação Bienal,
no parque Ibirapuera, artistas como a brasileira Ana Maria Tavares e a eslovena Marjetica Portc,
arquitetos como o brasileiro Guilherme Wisnick e o israelense
Eyal Wiezman, entre outros, debatem a relação entre arte e arquitetura a partir do momento presente.
"O tema arte e arquitetura é bastante vasto, além de historicamente amplo. Assim, concentrei-me no contemporâneo e tentei
equilibrar o convite aos palestrantes oferecendo pesquisas e depoimentos distintos de críticos, curadores, teóricos e artistas brasileiros e estrangeiros", afirma Pedrosa, também um dos co-curadores
da Bienal.
Com o seminário, surge outro
artista que passa a integrar a exposição, o norte-americano Dan
Graham, 63, que passou há poucos dias pela cidade para conhecer o edifício da Bienal e escolher
o local onde irá instalar sua obra.
Segundo Pedrosa, "Graham é
uma figura central na arte contemporânea e uma referência fundamental para as relações entre
arte e arquitetura". Muitas de suas
obras refletem o "como viver junto", desde "Homes for América"
(1966), sua investigação acerca da
arquitetura suburbana vernacular
norte-americana, que surge após
a Segunda Guerra, até seus famosos pavilhões de vidro.
Além de Graham, outro norte-americano que participa da Bienal e que também tem seu trabalho relacionado com arquitetura é
Gordon Matta-Clark (1943-1978).
"Ao, literalmente, cortar e fazer
incisões em casas e edifícios nos
anos 1970, Matta-Clark fez na arquitetura o que Lucio Fontana havia tão radicalmente feito na tela,
nos anos 1950, ao cortá-la. Muito
do vocabulário contemporâneo
da instalação e da intervenção faz
referência a ele", afirma ainda Pedrosa, que aponta dois dos mais
jovens artistas já selecionados para a mostra entre os influenciados
por tal vocabulário: Renata Lucas
e Marcelo Cidade. Coincidentemente, ambos estão em exposição
na cidade, Lucas na Millan Antonio e Cidade na Vermelho.
No primeiro seminário da Bienal, em janeiro passado, que teve
Marcel Broodthaers como tema,
tornou-se pública a proposta de
boicote à Bienal de São Paulo, feita pelo artista norte-americano
Jimmie Durham. Parece que Durham resolveu "viver junto". Ele
confirmou, segundo a organização do evento, sua participação
num dos próximos seminários da
Bienal, o que vai tratar do Estado
do Acre.
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