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TELEVISÃO
Sintomaticamente, Poppovic e Jô vestem tons pastéis
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Nos bons tempos, pastel era o
que ela devorava. Agora que os
tempos são chochos, pastel é o
tom do que ela veste. O que houve
de tão drástico com a Silvia Poppovic?
Ela, que só falava de assuntos
nunca abordados na presença de
uma criança, dedica, agora, todo
um programa à dor de estômago.
Isso mesmo, uma hora de azia e
má digestão, como se os telespectadores fossem uma colher de sopa de leite de magnésia. Tudo
isso com um modelinho de quem
ambiciona o título de passageira
mais elegante da rodoviária do
Tietê. Será isso o que chamam de
repouso de guerreira? Bom descanso, dona Poppô.
E o que estará acontecendo com
aquele gordinho noturno? De terno também pastel, ele aparece no
centro de uma cortina entreaberta, muito propícia ao bailar de
uma stripper.
Ele até pensa em aproveitar a
ocasião, mas já enjoou disso.
Vem direto ao palco falar da
preocupação dos egípcios com os
gordos. Todos terão que emagrecer. Pobre esfinge, mesmo indecifrável não poderá mais devorar
ninguém.
Em time que está ganhando
não se mexe? Tudo bem quanto
ao quinteto. Já aquelas piadas de
laptop estão mais para delete do
que deleite.
Ainda bem que o primeiro convidado é musical. Ney Matogrosso, não mais na idade das plumas
de uma sensualidade pública, está dirigindo Claudia Neto, Claudia Lira, Suely Franco etc. numa
volta ao passado das irmãs Batista. As cantoras Linda e Dircinha,
do tempo em que rádio tinha rainha.
Pelo jeito, a história é trágica.
Deve ser a Nicete Bruno que cuidará disso. Porque cantando "Periquitinho Verde", Claudia Neto
era só alegria.
Até que os outros convidados
eram oportunos. O comandante
Max, a propósito dos 500 anos do
descobrimento, falou bem dos
portugueses que navegavam e colonizavam.
E de que tamanho era uma caravela? Jô se levanta do trono e se
coloca num ponto do palco. Pede
ao comandante que se posicione
na outra extremidade. Numa humildade inesquecível porque
inesperada, Jô diz que será a popa.
Como última convidada, a irmã de Ayrton Senna fala das louváveis iniciativas da fundação
que ela dirige. Na platéia, um
estudante mostra a camiseta gigante que trouxe para o Jô. Não
trouxe nada para a Flavinha? Ou
não se traz mais? Vamos ouvir,
então, o Peninha, nem que seja
para disfarçar a possibilidade de
uma gafe.
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