LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se há um mérito no documentário "Centro do Rio", que a TV Cultura exibe amanhã, ele é o seguinte: a produção resgata para quem conhece e apresenta para quem nunca viu as belezas, a história e as transformações por que passou o núcleo central do Rio de Janeiro.
Nada mal para uma cidade que ou é exibida apenas na beleza exuberante do Cristo Redentor, do Pão de Açúcar e das praias da zona sul ou exposta na virulência das conflagrações dos morros dominados pelo tráfico.
A idéia básica do trabalho não é má: baseado em livro do escritor Antonio Torres, ele mostra duas jovens candidatas a documentarista percorrendo pontos importantes da vida atual e pregressa do Rio. Imagens atuais se contrapõem a documentários antigos, fotos e pinturas que permitem uma comparação histórica.
Assim, pode-se dizer que o programa se divide em três:
1 - A encenação de que estão fazendo um documentário, por parte das duas moças, é amadora e cumpre muito mal o papel de "amarrar" as duas outras partes.
2 - As imagens atuais, colhidas num dia ensolarado, dão bem a medida da generosidade da natureza com a cidade e mostram também a sobrevivência bastante satisfatória de construções importantes como o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional ou o Paço Imperial.
3 - As imagens de época -em cinejornais da extinta Agência Nacional, filmes de época e outros documentos iconográficos- permitem uma rápida, mas eficiente visão histórica daquela que foi a maior e mais importante cidade do país por muitos anos.
Das invasões francesas e do Império à derrubada dos morros para a expansão do centro, da abertura das grandes avenidas, como a Rio Branco (ex-Central) e Presidente Vargas aos bares tradicionais do centro (bar Luiz, Villarino, casa Lidador), há um Rio clássico, chique e interessante a (re) conhecer.