São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SOCIEDADE
Advogado de Carola de Oliveira, que disse na TV que Chiquinho Scarpa seria gay, levanta suspeita sobre juiz
Separação de Scarpa vira "guerra" jurídica

DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

O escândalo protagonizado pelo industrial Francisco Scarpa Filho e pela aspirante a artista Ana Carolina de Oliveira Scarpa, a Carola, deve chegar ao Tribunal de Justiça de São Paulo nos próximos dias. Carola foi a programas de rádio e de TV nas últimas semanas dizer que o ex-playboy Chiquinho Scarpa seria bissexual.
Ontem, o advogado de Carola, Célio Pereira, decidiu ingressar com um pedido de exceção de suspeição contra o juiz Geraldo Perez, titular da 9ª Vara da Família de São Paulo, que aprecia o processo de separação de corpos do casal.
A medida imediatamente suspende o processo, o que deve adiar a audiência de conciliação que estava prevista para hoje às 10h. A audiência, inicialmente programada para o próximo dia 6, foi antecipada pelo próprio juiz Perez em despacho na última terça.
O advogado Pereira diz ter tomado a decisão porque acha o juiz Perez parcial para julgar o caso. Ele afirma que, em um encontro com o juiz, anteontem, ouviu de Perez uma frase que indicaria que o magistrado já teria "um pré-julgamento". Pereira não adiantou o conteúdo da suposta frase.
Com o ingresso do pedido de exceção de suspeição, o próprio juiz se declara impedido e transfere o caso para outro magistrado ou recorre ao Tribunal de Justiça, onde desembargadores julgam o recurso com prioridade, em 15 dias.
Procurado pela Folha, o juiz Perez nada declarou, pois o processo segue em sigilo de Justiça.
Carola, 28, e Chiquinho, 48, se casaram no religioso em 23 de maio do ano passado, dois dias após a união civil e 26 dias depois de firmarem um pacto antenupcial no 13º Serviço Notarial de São Paulo. Nesse contrato, está previsto que a união seria em "absoluta separação de bens" e que eles não compartilhariam dívidas contraídas antes ou depois do casamento.
Carola diz que percebeu que o casamento era "uma jogada de marketing" na lua-de-mel, em Miami. "Só ficamos tirando fotos."
Em outubro passado, conforme relatou ao "Leão Livre" (Record) e "Programa do Ratinho" (SBT), teria flagrado Chiquinho na cama com dois homens, um travesti e um garoto de programa, o que Chiquinho e seus amigos negam.
Embora o suposto flagrante tenha ocorrido em outubro, a separação só aconteceu em fevereiro, após o Carnaval.
Foi Scarpa quem tomou a iniciativa de pedir a separação na Justiça. No último dia 8, ele conseguiu que o juiz Perez proibisse Carola de usar o título de condessa e o sobrenome Scarpa para posar nua em revistas. Em protesto, Carola adotou o título de princesa.
Carola afirma que "tentou de todas as formas salvar o casamento" e que só decidiu terminá-lo porque queria "ser artista e Chiquinho não deixava".
Uma crise de ciúmes no camarote da Brahma, na segunda-feira de Carnaval carioca, teria sido o motivo "definitivo". "Meu titio Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, consultor da Globo) me arrumou uma camiseta da Mocidade (Independente de Padre Miguel), mas o Chiquinho não me deixou desfilar", conta.
Carola afirma que se apaixonou por Scarpa e que se envolveu em "um conto de fadas". "Eu me casei por amor", diz ela, para quem o conceito de amor inclui "status, segurança e família".
Na semana seguinte ao Carnaval, Carola enviou aos pais de Chiquinho Scarpa um fax manuscrito em que pedia pensão de R$ 10 mil, mais um apartamento e um carro. "Uma separação consensual livraria a família Scarpa de muitos inconvenientes, pois minhas alegações destruiriam por completo o bom nome da família Scarpa, bem como a reputação (falsa) de Chiquinho", ameaçava.
No último dia 16, a ex-atriz (atuou em "Cortina de Vidro", no SBT, 1989/90), ex-modelo (participou de desfiles de meias e sapatos em Nova York) e ex-dançarina (dançou com o roqueiro Billy Idol no Rock in Rio 2, em janeiro de 91) decidiu pôr fim à guerra de faxes que travou com Scarpa nos últimos dois meses.
Em seu derradeiro fax, dizia à imprensa que descobrira que os "traços homossexuais" do ex-marido não eram "inocentes".
Depois que a separação virou escândalo na TV, os amigos de Scarpa tomaram sua defesa. "Como médico e amigo do Chiquinho, atesto que ele não tem tendências homossexuais e que é viril. Essa moça confunde cordialidade e refinamento com homossexualismo", declara o médico Roberto Tulli, padrinho de Scarpa e especialista em disfunções sexuais.
Alguns amigos do industrial chegaram a fazer insinuações sobre o passado de Carola, que viveu nos EUA e em Israel até 97. "O que acontece é que sempre fui bancada pelos meus namorados", afirma Carola. Inclusive Scarpa, que passou a financiar suas despesas quando ficaram noivos.

Programa na TV
Nesta semana, o juiz Geraldo Perez solicitou cópias das fitas dos programas de rádio e TV em que Carola compareceu, o que pode gerar uma ação criminal contra ela, por injúria e difamação.
Além dos telebarracos de Carlos Massa, Ratinho (onde atingiu o pico de 34 pontos de audiência, o equivalente a 2,7 milhões de telespectadores na Grande São Paulo), e de Gilberto Barros, o Leão, Carola já contou sua história ao feminino "Note Anote" (na Record, no qual preparou uma receita de estrogonofe) e no musical "Raul Gil" (previsto para ir ao ar no dia 8).
Ela diz que avalia propostas de outros programas, como o "Show do Esporte", na Bandeirantes. Ela não nega que seu sonho é ter um programa de TV, de preferência infantil, e deixa transparecer que viu no escândalo uma oportunidade para que "alguma alma boa abrisse as portas".
"Há interesse da Record, mas ainda não definimos nada. Por enquanto, é só sondagem", diz.


A colunista Erika Palomino, de Noite Ilustrada, está em férias

Texto Anterior: Televisão: Documentários de Rattle são lição de como fazer TV
Próximo Texto: Música: EUA "hypam" tropicalismo
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.