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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003
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QUADRINHOS Coletânea de cartuns da série "Let's Talk about Sex" passa a limpo trabalho que teve início há três anos Angeli reúne sexo, humor e provocação
DIEGO ASSIS DA REPORTAGEM LOCAL Sexo é uma coisa suja. Não é? Para Arnaldo Angeli Filho, 46, chargista da Folha e cartunista da seção do UOL "Let's Talk about Sex?" (Vamos Falar sobre Sexo?), a questão tem duas respostas. "Todo mundo lava as mãos depois de fazer sexo. Mas ele só é sujo mesmo na cabeça de quem vê duplo sentido em tudo, que fica rindo de cantinho toda vez que alguém fala em "rosquinha" ou "pau'", argumenta Angeli, defensor da santíssima trindade sexo, drogas e rock'n'roll no humor brasileiro há pelos menos 20 anos, quando estreou a tirinha "Chiclete com Banana", na Ilustrada. Depois de duas décadas tirando um barato do comportamento de guerrilheiros (68 e Nanico), hippies (Wood e Stock), punks (Bob Cuspe e Rê Bordosa), grunges (Luke e Tantra) e de si mesmo, o cartunista resolveu se voltar, em 2000, para algo que lhe desse mais prazer: "Sempre gostei de pornografia. Quando vou fazer os cartuns [para a "Let's Talk about Sex'] saio atrás de um monte de referências, folheio livros de gravuras eróticas, pesquiso na internet... Não quero cair no chulo, na piadinha de televisão", diz ele, que lança pela Devir/Jacaranda uma compilação de 90 cartuns da série on-line, que já acumula 130. Mais do que uma simples questão de broxadas e de puladas de cerca, o sexo por Angeli envolve relações de poder, machismo, feminismo, religião e outros desafetos do autor, católico de criação, "pagão" por convicção. "Minhas charges são mais provocativas do que meramente sobre sexo. Fico pensando que, se o papa coloca como pecado o sexo antes do casamento, o divórcio e a masturbação, como é que o coitado do sujeito que não pôde "testar" antes não pode ajustar as contas sozinho no banheiro? Para mim, isso é que é a piada." Tarja Lastreado por uma tarja preta em que se lê: "Contém cenas que podem ser consideradas ofensivas à religião, à família e aos bons costumes", "Sexo É uma Coisa Suja", defende o autor, é diversão para todas as idades: "Freud dizia que as meninas demonstravam sexualidade desde pequenas, mas a Igreja Católica colocou tantas regras que não dá mais para saber se é certo ou errado uma criança agir assim hoje. Tudo o que sei é que antes as meninas casavam com 13 anos e tinham filhos com 16. Com a minha avó foi assim. Se isso era perfeitamente aceitável na época, por que não podemos aceitar uma menina de 14 anos rebolando na boquinha da garrafa?". Angeli é filhote legítimo do "Pasquim" de Ziraldo e Millôr, em que publicou suas primeiras tiras aos 15 anos. "Eu não tinha muita noção de política àquela altura. Só o que eu sabia era que existiam os mocinhos e os bandidos", lembra ele, que há seis anos vem vencendo consecutivamente o troféu HQ Mix de melhor chargista nacional. SEXO É UMA COISA SUJA. Coletânea de cartuns e tiras da série "Let's Talk about Sex?", do UOL (www.uol.com.br/sexo). Autor: Angeli. Editora: Devir/Jacaranda. Quanto: R$ 28,50 (72 págs., cor). Texto Anterior: Jim Carrey causa segunda decepção a "Reloaded" Próximo Texto: Wood e Stock devem chegar às telas até fim do ano Índice |
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